A segunda temporada de ‘Gen V’ começa com uma mensagem emocionante: “For Chance”, dedicada ao ator Chance Perdomo, que faleceu tragicamente em um acidente. A ausência dele pesa nos três primeiros episódios, já que tudo indica que seu personagem, Andre, teria grande destaque nesta fase da trama. Com isso, o roteiro precisou se adaptar e acabou redistribuindo o foco para outros personagens – e é aí que surgem os primeiros problemas.
Roteiro acelerado e sátira política
O maior ponto negativo até aqui é o ritmo apressado da história. A série parece ter se apoiado em excesso na sátira política já presente em ‘The Boys’, mas sem conseguir trazer nada de novo.
Frases de efeito repetitivas e referências óbvias ao Homelander, como a paródia do slogan de Trump “Make America Super Again”, acabam deixando a crítica rasa.
Ao contrário dos quadrinhos, que satirizavam todos os lados da sociedade – corporações, capitalismo, corrupção, futilidade –, ‘Gen V’ parece escolher um alvo único, tornando a narrativa previsível.
Um exemplo claro é a fala do personagem Polarity, que afirma: “não é coincidência que o único jovem que não saiu de Elmira é um jovem negro”. A cena carece de contexto e prejudica a coerência da trama, uma vez que Marie escapou da prisão com vida.
Projeto Odessa: o grande mistério mal desenvolvido
Outro elemento central é o enigmático Projeto Odessa, criado por Thomas Godolkin. Apesar do suspense em torno dele, os próprios personagens não sabem exatamente do que se trata. A presença de Starlight tentando impedir o projeto soa forçada, já que sua motivação carece de explicação, algo que ela não tem.
Além disso, algumas falas contraditórias – como as de Polarity, dizendo que a Starlight afirma que Odessa é uma arma, quando na verdade ela nunca disse isso – reforçam a impressão de roteiro perdido e mal amarrado.
A repetição da fórmula da primeira temporada (mistério em Godolkin, projeto secreto, personagens caricatos) deixa a série sem frescor, reaproveitando elementos já usados em ‘The Boys’ e em si mesma.
Personagens e desenvolvimento
Os três primeiros episódios gastam muito tempo com diálogos repetitivos sobre o Projeto Odessa, em vez de aprofundar os novos personagens. O caso de Cipher, que já se revela vilanesco de imediato, é um exemplo de oportunidade desperdiçada: não há construção de suspense, apenas exposição direta.
Enquanto isso, conflitos já trabalhados – como as inseguranças de Emma e os surtos de Sam – são revisitados sem trazer novidade.
O que funciona
Apesar dos problemas, ‘Gen V’ ainda entrega momentos interessantes:
- Cenas de ação bem construídas, como o confronto entre Marie e Vikor, uma sátira ao Thor, que além de divertido, dá pistas sobre a resistência de supers como o Homelander.
- A introdução de Dogknoot (Bastão de Cachorro), uma paródia de Wolverine e Dentes de Sabre, traz um frescor que poderia ser mais explorado.
- A crítica social sobre a relação entre humanos e supers é promissora. A funcionária da cantina, por exemplo, poderia render uma subtrama relevante, mas é rapidamente esquecida no terceiro episódio.
Resumindo…
Os três primeiros episódios da segunda temporada de ‘Gen V’ apresentam uma narrativa repetitiva, apressada e repleta de sátiras óbvias, sem o equilíbrio que fez ‘The Boys’ funcionar tão bem. Ainda assim, existem boas cenas de ação e algumas ideias promissoras que podem amadurecer nos próximos capítulos.
Vale a pena assistir?
Sim, mas com expectativas moderadas. A série pode se recuperar, principalmente se o Projeto Odessa ganhar peso real na trama e se houver maior conexão com ‘The Boys’. Até lá, resta acompanhar para ver se a história encontrará seu rumo.
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