As autoridades de Santa Fé, Novo México (EUA), esclareceram novos detalhes sobre a morte do ator Gene Hackman, de 95 anos, e de sua esposa, Betsy Arakawa, de 65 anos.
Durante uma coletiva de imprensa na última sexta-feira (7), a médica legista-chefe do estado, Heather Jarrell, confirmou que a esposa do astro faleceu uma semana antes dele – sem que o próprio percebesse.
A informação foi baseada em registros do marca-passo do ator, que indicou sua última atividade em 18 de fevereiro, e no acesso ao e-mail de Betsy, que ocorreu pela última vez em 11 de fevereiro.
Diante desse cenário, as autoridades apontam que Hackman passou aproximadamente sete dias na residência com o corpo da esposa morta antes de falecer. Segundo Jarrell, um fator essencial para entender esse desfecho é a condição de saúde do ator.
A autópsia revelou que Gene Hackman faleceu devido a uma combinação de doença cardiovascular, hipertensão crônica e problemas respiratórios.
No entanto, um ponto decisivo foi destacado pela legista: o ator apresentava sinais avançados de Alzheimer.
Esse fator pode ter impedido que Hackman percebesse a morte da esposa ou mesmo buscasse ajuda. “É bem possível que ele nem mesmo soubesse que sua esposa estava morta”, declarou Jarrell.
Outro detalhe apontado pela perícia foi a ausência de comida no estômago do ator, indicando que ele não se alimentou nos dias anteriores à sua morte.
Causa da morte de Betsy Arakawa foi hantavírus
Diferente do marido, Betsy Arakawa faleceu em decorrência de síndrome pulmonar causada por hantavírus, uma doença rara transmitida por roedores.
Durante as investigações, as autoridades encontraram sinais da presença de ratos na propriedade, o que pode ter sido o ponto de contaminação.
Hackman, no entanto, testou negativo para o vírus.
Após a confirmação da morte do pai, Leslie Hackman, filha caçula do ator, destacou a importância de Betsy Arakawa em sua vida.
“Eles tiveram um casamento maravilhoso, e eu dou crédito a Betsy por mantê-lo vivo”, afirmou. “Ela cuidou muito bem dele e estava sempre atenta à sua saúde. Sou grata por isso e muito triste com sua morte”.
Leslie também comentou sobre a condição física do pai. “Apesar da idade avançada, ele estava em ótima forma. Gostava de fazer Pilates e yoga e ainda mantinha essa rotina várias vezes por semana”, declarou ao Daily Mail.
Embora lamentasse a perda, ela reconheceu que, aos 95 anos, a morte do ator “não foi tão inesperada”.
Os corpos de Hackman e Arakawa foram encontrados em cômodos separados na mansão do casal no Novo México. O ator foi achado caído próximo à cozinha, enquanto a esposa estava no banheiro, já em avançado estado de decomposição.
Inicialmente, a polícia investigou a possibilidade de intoxicação por monóxido de carbono, mas exames toxicológicos descartaram essa hipótese. Além disso, não havia sinais de arrombamento ou violência no local.
Com a cronologia dos óbitos esclarecida, a principal teoria é de que o Alzheimer avançado impediu Hackman de reagir à morte da esposa, resultando no isolamento do ator até seu próprio falecimento.
Apesar das conclusões médicas, alguns aspectos do caso ainda geram dúvidas. Especialistas sugerem que Betsy pode ter sofrido um trauma ou problema cardíaco ao tentar ajudar o marido, enquanto outros cogitam que Hackman pode ter sofrido da “Síndrome do Coração Partido”, uma condição rara desencadeada por estresse extremo.
Enquanto isso, fãs e amigos lamentam a partida de um dos grandes nomes do cinema. Hackman brilhou em sucessos como Operação França (1971), Mississippi em Chamas (1988) e Os Imperdoáveis (1992), acumulando prêmios e deixando um legado inestimável para Hollywood.
O casal, que viveu junto por décadas, agora descansa lado a lado, marcando o fim de uma história de amor e dedicação que durou até os últimos momentos.
Últimos dias de Gene Hackman antes de morrer
Antes de falecer, Gene Hackman levava uma rotina tranquila e simples em Santa Fé, no Novo México (EUA). Moradores da região lembram do ator não como uma celebridade de Hollywood, mas como um vizinho comum, envolvido na comunidade e apaixonado pela arte.
“Ele não era famoso aqui”, disseram várias pessoas à BBC News, explicando que Hackman era tratado como qualquer outro morador.
Ele e sua esposa, Betsy Arakawa, viveram na cidade por mais de 20 anos, apoiando negócios locais e participando ativamente da cena cultural.
Santa Fé é conhecida por sua forte presença artística e arquitetura marcante. Como pintor e apreciador das artes, Hackman se envolveu com o Museu Georgia O’Keeffe, onde atuou como membro do conselho, enquanto Betsy gerenciava uma loja de artigos de luxo para decoração.
Suas pinturas ainda podem ser encontradas em restaurantes e lares da cidade. Um desses sortudos é Stuart Ashman, diretor da galeria Artes de Cuba, que conheceu o ator em uma reunião comunitária.
Ashman lembra que o ator era falante e humilde. “Ele estava mais interessado em você do que em falar sobre si mesmo”, contou. Os dois também compartilhavam outra atividade: as aulas de pilates.
“Acho que nós dois éramos muito ruins”, brincou Ashman, relembrando que os professores costumavam dizer que ele era “preguiçoso” e Hackman, “velho e rígido”.
O ator era tão comunicativo que frequentemente se distraía durante os treinos. Seu professor sempre perguntava: “Gene, você vai malhar ou quer apenas bater papo com Stuart hoje?”.
A amizade entre os dois ficou marcada por um episódio inusitado: Hackman trocou uma pintura por uma dúzia de ovos, presente que Ashman costumava levar para ele. O ator insistiu que era um “negócio justo”.
Quando não estava praticando exercícios ou envolvido com arte, Hackman passava os dias em sua mansão nas colinas de Santa Fé, uma propriedade de quase 5 hectares, com uma vista privilegiada das montanhas que se estendem até o Colorado.
Ele adquiriu a casa nos anos 1980 e a reformou, misturando elementos da arquitetura Pueblo, Colonial e Barroco Espanhol, em homenagem à cultura local.
Betsy, sua esposa, também gostava da vida discreta na cidade. Descrita como “inteligente e talentosa”, ela era pianista e empresária.
Amigos do casal destacam que os dois estavam sempre em forma e eram frequentadores assíduos de academias e aulas de treino físico.
Embora Hackman fosse ativo na comunidade, ele reduziu suas aparições públicas após os lockdowns da pandemia de COVID-19. Moradores acreditam que a idade e a saúde fragilizada dificultaram seus deslocamentos até o centro da cidade, que ficava numa área mais baixa.
Mesmo assim, a lenda de Hollywood seguia sendo lembrada por aqueles que cruzavam seu caminho.
Muitas pessoas ainda guardam histórias sobre encontros casuais com Hackman. James Roybal, morador local, contou que uma vez se inscreveu para uma aula de pintura na década de 1980 e, ao chegar, percebeu que estava ao lado do ator.
“Nós pintamos juntos e conversamos. Eu não acreditava que uma celebridade gostaria de estar ali”, relatou Roybal, que fez questão de registrar o momento em uma foto.
A corretora e atriz Victoria Murphy também se recorda de um encontro curioso com Hackman: “Ele atravessou a rua depois que o sinal já tinha fechado para pedestres. Quando percebeu, sorriu, levantou as mãos e se rendeu”, relembrou.
Outro amigo do ator, David, gerente de uma loja que Hackman frequentava há anos, emocionou-se ao falar sobre ele. “Ele fazia questão de comprar localmente. Sempre levava relógios Seiko da minha loja para presentear amigos e familiares”.
Segundo David, Hackman investia em restaurantes e mercados da região e comparecia a inaugurações de museus de arte. “Obviamente ele não precisava do dinheiro, mas amava este lugar”.
Santa Fé perdeu um grande morador, mas seu legado como artista e cidadão seguirá vivo entre aqueles que compartilharam sua rotina simples e autêntica.
Com sinais de mumificação, Gene Hackman já devia estar morto há cerca de 9 dias
Fonte: Revista Oeste
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