Gladiador 2: a verdade por trás da ficção no Império Romano

William Prado

Gladiador 2: a verdade por trás da ficção no Império Romano

O lançamento de Gladiador 2 gerou grande expectativa entre os fãs da franquia, mas, como no primeiro filme, muitos se perguntaram sobre o quão fiel o enredo é à verdadeira história romana.

Enquanto o longa não apresenta elementos fantásticos e evita anacronismos, ele se afasta de alguns acontecimentos históricos importantes.

A seguir, exploramos as principais divergências entre o que é mostrado no filme e o que realmente aconteceu no Império Romano.

Ficção x Realidade: A Mistura que Marca o Filme

Embora Gladiador 2 se baseie em eventos históricos, ele não segue à risca a linha do tempo ou as figuras históricas. Personagens como Marco Aurélio e Cômodo têm suas histórias alteradas para se encaixar na narrativa do filme.

Em Gladiador, por exemplo, o imperador Marco Aurélio morre de uma doença, enquanto no filme ele é assassinado por seu filho, Cômodo, algo que nunca ocorreu na realidade.

De acordo com historiadores, Marco Aurélio faleceu devido a uma doença, provavelmente varíola ou sarampo, e não em um ato de traição.

Além disso, o filme sugere que ele desejava restaurar a República Romana, um ponto de vista que não é respaldado por documentos históricos.

A Verdade Sobre Cômodo: Reinado e Morte

Outro ponto que diverge do filme é o reinado de Cômodo. Embora Gladiador mostre sua morte no Coliseu, a realidade é bem diferente.

Cômodo governou Roma por cerca de 12 anos, sendo assassinado por um lutador chamado Narciso, e não durante um combate no Coliseu. Essa alteração tem impacto na continuidade da trama entre os dois filmes.

As Batalhas Navais no Coliseu

Uma das cenas mais intrigantes de Gladiador 2 é a recriação das batalhas navais no Coliseu.

Embora os romanos realmente tenham criado um sistema para inundar a arena e realizar tais batalhas no início da construção do Coliseu, esse tipo de evento foi descontinuado muito antes do reinado de Cômodo.

Contudo, como a linha do tempo no filme é ficcional, essa escolha se torna mais aceitável.

Animais no Coliseu: Mitos e Verdades

Outro aspecto questionado por críticos é a presença de tubarões nas batalhas no Coliseu. Historiadores destacam que não havia tubarões em naumachia (batalhas navais encenadas), pois transportar e manter esses animais em Roma era praticamente impossível.

No entanto, o filme acerta ao retratar babuínos, rinocerontes e outros animais exóticos, que eram de fato usados nas lutas com gladiadores.

Lucius Verus: Ficcionalização de um Personagem Histórico

O personagem de Lucius Verus, interpretado por Paul Mescal, também apresenta imprecisões. Lucius Verus realmente existiu, mas a versão mostrada em Gladiador 2 é uma fusão de duas figuras históricas com o mesmo nome.

O Lucius Verus que aparece no filme é baseado no filho de Lucilla, irmã de Cômodo, mas o verdadeiro Lucius Verus morreu jovem, o que torna sua participação no filme uma ficção.

A Invasão a Numídia: Um Erro Cronológico?

O ataque romano a Numídia, retratado no filme, também é questionado por especialistas.

Na época da trama, Numídia já havia sido incorporada ao Império Romano há mais de 200 anos, tornando improvável um ataque romano a essa região.

A principal razão para essa mudança foi provavelmente a necessidade de mostrar o poderio naval de Roma, algo que se torna relevante mais adiante na história.

Comparando a Linha do Tempo Real com a do Filme

A história real do período retratado em Gladiador 2 difere da mostrada no filme, especialmente no que diz respeito às figuras imperiais.

Marco Aurélio governou de 161 a 180 d.C., enquanto seu filho Cômodo assumiu o império em 180 d.C. Após a morte de Cômodo em 192 d.C., houve uma série de lutas pelo poder, culminando no “Ano dos Cinco Imperadores” em 193 d.C.

Isso difere bastante da linha do tempo seguida nos filmes, onde Maximus (personagem fictício) é retratado como um gladiador vingativo, e o final de Gladiador ocorre antes de Cômodo morrer.

Gladiador 2 segue a história 16 anos após os eventos do primeiro filme, o que coloca a trama em torno de 196 a 211 d.C., período em que Caracalla e Geta, filhos de Septímio Severo, governavam Roma, mas não por tanto tempo quanto sugerido no longa.

Conclusão: Entre História e Entretenimento

No fim, Gladiador 2 mantém a tradição de usar eventos históricos como pano de fundo para uma narrativa envolvente.

Embora existam algumas imprecisões significativas, como já ocorre em outros filmes históricos, o longa consegue equilibrar o entretenimento com a autenticidade de maneira eficaz.

Como sempre, é importante lembrar que Gladiador 2 não é um documentário e que os detalhes históricos foram adaptados para enriquecer a história de ficção, tornando o filme uma experiência agradável para os fãs, sem se prender aos fatos reais.

FONTE: ComicBook

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