Grant Morrison comenta sobre Batman e Deadpool

William Prado

Grant Morrison comenta sobre Batman e Deadpool
Foto: Divulgação/Marvel Comics/DC Comics

O roteirista Grant Morrison, uma das mentes mais influentes dos quadrinhos modernos, falou em seu Substack oficial sobre as decisões criativas e o processo por trás de Batman/Deadpool, nova HQ lançada pela DC Comics em parceria com o artista Dan Mora, também cocriador de Klaus ao lado de Morrison.

As declarações foram feitas diretamente por Morrison em seu texto na plataforma.

Logo no início, Morrison revela por que decidiu aceitar esse projeto específico, após negar diversas propostas anteriores:

Eu recuso muita coisa, mas quando Marie Javins, da DC, me ofereceu a chance de escrever Batman/Deadpool, algo despertou em mim. Deadpool é, claro, famoso por quebrar a chamada ‘quarta parede’ e falar diretamente com os leitores, o que imediatamente me deu a ideia de revisitar um antigo fio narrativo solto de 35 anos atrás! De repente, eu estava interessado!

Essa referência remete ao clássico Animal Man #19 (1989), escrito pelo próprio Morrison e ilustrado por Chas Truog, no qual Buddy Baker rompe a realidade e enxerga o leitor — uma das páginas mais icônicas da história dos quadrinhos modernos.

Morrison explica que, apesar da liberdade criativa, havia algumas regras definidas pela DC e pela Marvel para esse crossover:

Havia algumas regras, o que tornou tudo ainda mais divertido. Batman e Deadpool precisavam aparecer, obviamente. O vilão teria que ser da Marvel, e poderia haver uma participação especial de alguém da DC. Como o filme Deadpool & Wolverine tinha ido bem nos cinemas, e as pessoas conheciam a personagem Cassandra Nova como a principal antagonista daquele filme, ela parecia a escolha perfeita para vilã. Já Damian Wayne parecia uma opção óbvia como convidado — tanto a vilã quanto o ajudante foram criados pelo atual autor, o que deu aos elementos de quarta parede um charme extra.

O roteirista também conta qual foi o momento-chave que definiu o tom da dinâmica entre Batman e Deadpool:

As falas que se destacaram para mim — e que forneceram a chave de toda a relação — surgiram quando Deadpool estava tagarelando sem parar e não recebia nenhuma reação de Batman, até finalmente desistir. Só então Batman diz: ‘Eu combati o crime ao lado de uma criança hiperativa por anos. Meu arqui-inimigo é um palhaço assassino e desfigurado. Você esteve falando esse tempo todo?’. Isso selou o acordo para mim, e eu aceitei o trabalho!

Morrison também faz referência ao histórico crossover Superman vs. O Espetacular Homem-Aranha (1976), que impunha regras rígidas para manter o equilíbrio entre os dois heróis — regras que ele decidiu homenagear no novo projeto:

Lembrei que havia várias restrições naquele crossover inovador — Superman e Homem-Aranha precisavam aparecer com o mesmo tamanho na capa, por exemplo, e ambos tinham que surgir no mesmo número de painéis e com a mesma quantidade de diálogos. Decidi fazer algo parecido — Batman e Deadpool aparecem em um número igual de páginas!

Para construir a estrutura caótica da HQ, Morrison misturou uma variedade de influências:

No meu caldeirão figurativo, boiavam agora alguns ingredientes intrigantes — Bob Haney, Brave and the Bold, os filmes de Deadpool, Superman vs. Homem-Aranha, a quarta parede, a introdução e morte de ‘O Escritor’ em Esquadrão Suicida #58 (1991), uma pitada de sátira leve, imagens inspiradas em vídeos liminais de Backrooms e Pool Rooms que eu estava vendo online, além da animação ‘rubber hose’ dos anos 1920 e 1930.

Entre as surpresas, Morrison menciona até o retorno do personagem Dark Claw, da linha Amalgam — e uma referência a um vídeo extremamente controverso da internet. Segundo Morrison, tanto a Marvel quanto a DC aceitaram essa brincadeira, mas rejeitaram uma das ideias de capa sugeridas.

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