‘Guerra Civil II’ foi o pior evento da Marvel nos quadrinhos? Entenda

Cheyna Corrêa (Texto: André Luiz Fernandes)

‘Guerra Civil II’ foi o pior evento da Marvel nos quadrinhos? Entenda
Reprodução: Marvel Comics

Desde os anos 80, com as Guerras Secretas originais, a Marvel promove grandes eventos crossover entre suas histórias em quadrinhos. A maioria deles é grandiosa e rende momentos clássicos, mas nem sempre dá certo. É o caso da segunda Guerra Civil que ocupou o universo da editora e que causou mudanças drásticas – para a pior, na maior parte das vezes.

Guerra Civil II saiu em 2016, 10 anos depois do evento original. Em 2006, facções de heróis lideradas pelo Homem de Ferro e pelo Capitão América divergiram em relação ao registro de seres superpoderosos pelo governo dos Estados Unidos. Tony Stark era a favor, enquanto Steve Rogers era contra.

Dez anos depois, o Homem de Ferro também estava envolvido, mas sua contraparte agora era a Capitã Marvel. No meio do conflito estava um inumano com poderes recém-despertados, chamado Ulysses. Ele tinha visões do futuro e Carol Danvers era a favor da criação de uma força-tarefa para impedir que os futuros ruins acontecessem, enquanto Stark era mais cético em relação a isso.

Personagens fora do personagem – à toa

A segunda Guerra Civil piorou um problema que já existia na primeira. Muitos fãs notaram que, para defender as situações nas quais foram colocados, alguns personagens tiveram sua personalidade alterada. Na história de 2016 isso aconteceu com a Capitã Marvel: a heroína se tornou uma fanática autoritária, disposta a tudo para que os futuros previstos por Ulysses fossem impedidos. O Homem de Ferro era mais razoável, mas mesmo assim, foi mostrado como o vilão em alguns momentos.

Tudo fica pior quando vemos que no final da história, Ulysses se uniu à entidade cósmica Eternidade e nunca mais apareceu. Suas visões não eram precisas, nunca pretenderam ser, e Carol Danvers apenas confiou em tudo de olhos fechados, mesmo havendo evidências de que tentar impedir os supostos futuros era a pior coisa a se fazer.

O saldo da Guerra Civil II foi a morte de personagens como Hulk, Mulher-Hulk, Máquina de Combate e Homem de Ferro. Houve ainda uma perseguição insana a Miles Morales, que em uma das visões de Ulysses, mataria o Capitão América. Mas o maior dano foi sofrido pela Capitã Marvel – ou melhor, pela reputação da heroína.

Reprodução: Marvel Comics

Capitã Marvel – nunca mais foi a mesma

O autoritarismo adotado por Carol Danvers nessa história realmente passou do ponto – sem meias palavras. Em determinado momento, a heroína defende a criação de uma espécie de polícia especializada em deter criminosos antes mesmo dos crimes acontecerem, no melhor estilo Minority Report – filme protagonizado com Tom Cruise com uma premissa similar.

A Capitã Marvel chega a ter um diálogo constrangedor com o mutante Magneto, que é um sobrevivente do Holocausto na Segunda Guerra Mundial. É impossível não associar a postura da heroína aos líderes fascistas do período. E a personagem nunca se recuperou desse baque.

Em meados de 2016, a Capitã Marvel era a principal heroína mulher da Marvel. Tratava-se de um projeto editorial, que colocava Carol Danvers em destaque, algo que vinha sendo feito antes mesmo de Guerra Civil II. Mas tudo foi jogado fora pela postura da personagem durante o evento.

Os fãs perderam o interesse na Capitã Marvel, por mais que nas publicações seguintes a heroína tenha voltado ao normal. Isso é muito evidente na HQ quando até Kamala Khan, a Ms. Marvel, que é basicamente a maior fã de Carol Danvers, aparece decepcionada com ela.

Há quem acredite que a onda de rejeição sofrida por Danvers a partir de 2016 tenha impactado até mesmo a popularidade do filme da heroína no MCU, lançado em 2019. A “má vontade” com a Capitã Marvel ainda era evidente e é possível achar traços disso em algumas das críticas da época. A Capitã foi associada a uma figura autoritária que, na verdade, ela nunca foi.

Guerra Civil II teve outras consequências negativas editorialmente falando, com títulos solo de heróis precisando lidar com suas supostas mortes – obviamente, revertidas. Foi uma história criticada, com falhas bastante visíveis, e muita gente a considera como o pior evento da Marvel nos quadrinhos até hoje.

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