Desde sua estreia em setembro de 2024, Ichi the Witch vem conquistando fãs por trazer uma proposta ousada dentro da Weekly Shonen Jump: uma narrativa onde as mulheres são o centro do poder, da ação e da admiração pública. Criado por Osamu Nishi e com arte de Shiro Usazaki, o mangá apresenta um universo onde a magia — chamada de Majik — só pode ser conquistada por mulheres. É nesse mundo matriarcal que o protagonista Ichi, um caçador solitário, quebra todas as regras ao despertar uma Majik poderosa e mergulhar em uma jornada repleta de mistérios.
Se há um nome que já entrou para a galeria das personagens mais marcantes da revista, é o de Desscaras, a Bruxa Abissal. Com um visual imponente, atitudes firmes e um poder que supera o de qualquer outro personagem revelado até aqui, Desscaras é tudo o que muitos fãs sentem falta em shonens tradicionais: uma mulher poderosa sem estereótipos, sem hipersexualização e com papel central na trama.
Ao liderar missões perigosas e confrontar entidades como o World Hater Majik, Desscaras prova que não está ali apenas para apoiar o protagonista — ela é o epicentro do conflito e da força, mesmo ao lado de Ichi. Ainda que seu passado traga indícios de sofrimento, sua postura é de resiliência e liderança. Em vez de ser resgatada, ela é quem salva.
Um novo padrão de protagonismo feminino
Em uma revista onde é comum ver protagonistas masculinos cercados de personagens femininas com papel secundário (ou apenas decorativo), Ichi the Witch surge como uma lufada de ar fresco. Além de Desscaras, o mangá apresenta outras mulheres de destaque como Kumugi, Jikishirone, Monegold e Chikutoge, todas com funções narrativas relevantes e habilidades únicas. A Associação das Bruxas Mantinel também promete ampliar ainda mais essa diversidade de perfis femininos nos próximos capítulos.
Esse foco na construção do mundo através das mulheres torna o universo de Ichi the Witch não só mais original, mas também mais coerente com sua própria proposta — as mulheres são as únicas capazes de despertar Majiks, logo, são elas que movem a história.
Sem clichês, sem fanservice — e isso é um alívio
Além de dar protagonismo real às personagens femininas, Ichi the Witch se destaca por fugir de clichês cansados que ainda são comuns em mangás da Jump. Aqui, não há roupas justas desnecessárias, câmeras maliciosas ou piadas repetitivas envolvendo o corpo das personagens. As bruxas usam roupas funcionais, voltadas ao combate, e suas personalidades são bem desenvolvidas — algo ainda raro no cenário atual.
Enquanto séries como One Piece e Bleach, mesmo sendo amadas, ainda enfrentam críticas por usar fanservice como recurso frequente, Ichi the Witch mostra que é possível cativar o público com personagens femininas fortes, complexas e respeitadas, sem apelar para objetificação.
Com seu arco atual levando Ichi, Desscaras e Kumugi à terra de Bakugami, onde segredos sombrios são revelados por trás de uma fachada alegre, Ichi the Witch caminha para se consolidar como um dos mangás mais relevantes da Jump nesta década. E mais importante: aponta um novo caminho para o shonen, onde as mulheres não são apenas parte da história — elas são a própria história.
Se continuar nessa linha, Ichi the Witch pode muito bem definir um novo padrão para o gênero, provando que histórias shonen não precisam sacrificar a profundidade feminina para conquistar seu público. E talvez, enfim, a Jump esteja pronta para esse novo mundo mágico liderado por bruxas.
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