James Gunn explica por que ‘Pacificador’ foge da própria realidade

Cheyna Corrêa (Texto: William Prado)

James Gunn explica por que ‘Pacificador’ foge da própria realidade
Divulgação: HBO Max

A segunda temporada de ‘Pacificador’ trouxe uma das reviravoltas mais ousadas da série. Christopher Smith, vivido por John Cena, decide abandonar sua dimensão e viver em um mundo alternativo onde, aparentemente, sua vida é perfeita. Mas a escolha do herói revela um cenário muito mais sombrio: um universo em que a Alemanha nazista venceu a Segunda Guerra Mundial.

A fuga da realidade de Christopher Smith

Em entrevista ao The Hollywood Reporter, o criador e diretor James Gunn explicou a motivação por trás dessa decisão. Segundo ele, a ideia não deve ser vista apenas pelo viés político, mas sim como reflexo de um conflito interno do protagonista:

Quando você pensa não em termos políticos, mas pessoais, percebe que todos nós tentamos fugir de quem somos e da vida que temos. O Pacificador faz isso de forma literal, indo para uma dimensão onde tudo é diferente da sua realidade.

Na Terra-2, Smith encontra tudo o que sempre quis: um pai amoroso (Robert Patrick), um irmão vivo (David Denman) e até uma relação romântica com Emilia Harcourt (Jennifer Holland). Porém, como explicou Gunn, essa busca pelo “paraíso” acaba se revelando uma armadilha, em que o preço da ilusão é maior do que a dor original..

O choque do mundo nazista

O diretor ainda revelou que a escolha de transformar a Terra-2 em uma sociedade dominada pelo Reich foi proposital para intensificar a metáfora:

Claro que isso se conecta também a questões políticas do nosso próprio mundo. O Pacificador acha que encontrou o lugar perfeito, mas acaba preso em um universo muito pior do que o dele. É a representação máxima do que acontece quando tentamos fugir dos nossos desafios, em vez de enfrentá-los.

Na série, Harcourt rapidamente percebe que a cidade Evergreen, vista por Chris como um modelo ideal, é na verdade um “sundown town” — locais históricos onde pessoas negras eram proibidas de viver.

Danielle Brooks e a sensibilidade do tema

Gunn contou ainda que compartilhou o roteiro primeiro com Danielle Brooks, intérprete de Leota Adebayo, por conta do peso racial do enredo:

Quando escrevi o episódio 206, mandei para Danielle e disse: ‘É isso que vamos fazer. O que você acha?’. Ela gostou da ideia. É importante se checar em momentos assim, estar atento ao impacto emocional que a história pode ter no público

Um dilema maior do que parece

No fim, a trama mostra que a fuga de Chris não é apenas física, mas simbólica: a recusa em encarar suas dores, suas culpas e suas falhas. Para Gunn, esse é o núcleo da história do Pacificador na nova temporada: aprender que a realidade pode ser dura, mas negá-la só traz consequências ainda mais pesadas.

COMPARTILHE Facebook Twitter WhatsApp

Leia Também


Mais Lidas

ASSINE A NEWSLETTER

Aproveite para ter acesso ao conteúdo da revista e muito mais.

ASSINAR AGORA