Yuji Itadori sempre foi um protagonista diferente dos padrões dos shonen, mas o rumo recente de Jujutsu Kaisen pode ter comprometido sua originalidade. Desde o início da série, Gege Akutami construiu um personagem que fugia dos estereótipos clássicos, mas o Capítulo #257 revelou uma reviravolta que transformou Itadori no típico “Escolhido”, algo que a obra parecia querer evitar.
Diferente de Goku, Naruto e Luffy, Yuji nunca teve um grande sonho ou ambição de se tornar o mais forte. Sua motivação era simples: garantir que, quando morresse, estivesse cercado por pessoas que se importassem com ele. Além disso, seu incrível vigor físico sempre foi tratado como um traço aleatório, algo que ele simplesmente possuía, sem nenhuma explicação grandiosa.
Essa abordagem tornou Itadori um protagonista incomum, sem linhagens poderosas ou profecias envolvendo seu destino. Diferente de outros protagonistas de shonen, ele não nasceu especial, mas se tornou importante devido às suas ações e escolhas.
Por muito tempo, os fãs acreditaram que o conflito entre Yuji e Sukuna se desenvolveria de forma similar à relação entre Naruto e Kurama. Mas, ao contrário da Raposa de Nove Caudas, Sukuna sempre foi retratado como um ser completamente maligno e sem chance de redenção, o que alimentou a dúvida: qual era o verdadeiro papel de Yuji na história?
A virada que transformou Yuji em um “Escolhido”
No Capítulo #257, essa dúvida finalmente foi respondida, mas não da forma que muitos esperavam. Em um flashback, Sukuna explica que ele deveria ter nascido como gêmeo, mas devorou seu irmão ainda no útero. A alma dessa criança não desapareceu, vagando até reencarnar no corpo de Yuji, que foi concebido por Kenjaku com um propósito específico.
Esse detalhe explica por que Yuji sempre teve uma resistência absurda e conseguiu suportar Sukuna dentro de si sem esforço. Ele não era apenas um humano qualquer com um corpo forte — ele nasceu para ser a outra metade de Sukuna, a contraparte que representa a pureza, enquanto o Rei das Maldições personifica o mal absoluto.
Essa revelação coloca Jujutsu Kaisen no mesmo caminho de outras histórias shonen, em que o protagonista é um ser predestinado a desafiar o vilão supremo. O problema é que essa mudança tira de Yuji o que o tornava especial: o fato de ele não ser especial.
O potencial perdido de um protagonista único
Desde Dragon Ball, o shonen sempre teve a tendência de transformar seus heróis em figuras predestinadas, algo que funcionou bem em algumas histórias, mas que nem sempre é necessário. A maior força de Yuji era justamente sua humanidade comum, sua capacidade de crescer através das dificuldades sem precisar de um destino escrito.
Ao colocá-lo no papel de uma reencarnação inevitável, Jujutsu Kaisen perde a chance de consolidá-lo como um dos protagonistas mais únicos do gênero. No fim das contas, Itadori não fugiu do molde clássico — ele apenas demorou para se encaixar nele.
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