‘Jujutsu Kaisen: Execução’ entrega nostalgia, ritmo atropelado e cortes desnecessários — análise completa!

Luiz Gustavo Gonçalves

‘Jujutsu Kaisen: Execução’ entrega nostalgia, ritmo atropelado e cortes desnecessários — análise completa!
Divulgação - JUJUTSU KAISEN: Execução

Para quem está morrendo de saudades de Jujutsu Kaisen ou não se importa em gastar dinheiro para rever momentos icônicos e ganhar uma migalha da nova temporada, ‘Jujutsu Kaisen: Execução’ pode valer a ida ao cinema. Mas é importante reforçar: apesar do rótulo de “filme”, o projeto se comporta muito mais como um especial estendido do que como uma produção cinematográfica tradicional. Ou seja, não é uma história com começo, meio e fim.

A obra compila os grandes destaques do Arco de Shibuya, como: o selamento do Gojo, o retorno explosivo do Toji, a luta insana do Sukuna contra o Mahoraga e o embate final entre Itadori e Mahito. Como atrativo extra, o público recebe dois episódios inéditos da próxima temporada, que estreia em janeiro e dará início ao aguardado Arco do Jogo do Abate.

Um resumão que atropela o impacto emocional

O maior problema de ‘Execução’ está na própria estrutura. O Arco de Shibuya é denso, complexo e cheio de reviravoltas que exigem respiro, mas o “filme” comprime tudo em mais ou menos uma hora. O resultado é um ritmo tão acelerado que prejudica a suspensão da descrença e dilui completamente o peso dramático das cenas.

Momentos que deveriam ser devastadores passam rápido demais, como flashes desconectados, impossibilitando o espectador de absorver o impacto real da narrativa que tornou essa fase uma das favoritas dos fãs do mangá.

Exibição limitada, 18+ e sem dublagem

Outro ponto que afetou a experiência do público foi a distribuição limitada. Poucos cinemas receberam o título, e as sessões disponíveis não foram amplas o suficiente para quem queria assistir logo na estreia. Além disso, ‘Execução’ chega sem dublagem e com classificação 18+, reduzindo o alcance e afastando parte do público. Ainda mais no Brasil onde a dublagem é tão querida e importante para os fãs.

Apesar de que a classificação indicativa não é “culpa” do filme em si, mas é um fator que influencia a entrega.

Mudanças polêmicas no roteiro: censuras e cenas cortadas

Além do ritmo problemático, algumas alterações chamaram atenção — e não de forma positiva.

• Naoya menos machista e mais family friendly
No mangá, Naoya solta a seguinte frase:

Qualquer mulher que não consegue andar três passos atrás de um homem deve ser esfaqueada nas costas e ser deixada para morrer.

Naoya Zen’in

Essencial para evidenciar sua personalidade terrivelmente perturbadora. Isso serve para te situar com quem você está lidando dali para frente e te provocar de forma a capturar sua atenção para o novo personagem. No “filme”, isso foi suavizado para “a mulher não é confiável”, removendo praticamente todo o impacto emocional, narrativo e provocativo. 

• Choso elogiando o Itadori pelo título do Sukuna?
No mangá, Choso diz que Itadori é tão forte que se tornou um “deus demônio”. Isso reforça a evolução do personagem. Mas a adaptação alterou a fala para: “ele é digno de ser o rei das maldições”. Um título que só faz sentido para o Sukuna, seu maior inimigo. A mudança soa confusa e incoerente para quem conhece a construção do lore. 

Naoya Zen'in no mangá de jujutsu kaisen
Reprodução – Manga Plus/Jujutsu Kaisen

• Corte doloroso na luta entre Itadori e Yuta
Uma das cenas mais criativas da breve luta entre Itadori e Yuta Okkotsu — a sequência em que Itadori salta sobre um carro, faz uma finta e arremessa o veículo para contra-atacar — simplesmente não aparece em ‘Execução’. É uma ausência sentida, já que era um dos momentos mais estilosos do confronto no mangá.

Conclusão: um especial para matar saudade — e olhe lá

‘Jujutsu Kaisen: Execução’ funciona como um aperitivo para quem está com muita saudade do anime e quer relembrar os grandes momentos de Shibuya antes da nova temporada. Ou seja, para quem está faminto, qualquer coisa vale.

Nesse sentido, ele cumpre seu papel. Mas, fora isso, o projeto é apressado, emocionalmente raso e com um final anticlimático — quando finalmente começa a ficar bom, acaba. Para quem não é fã ou não está atualizado com a obra, o “filme” é uma péssima porta de entrada: ritmo caótico, zero construção narrativa própria e inúmeros spoilers de cenas decisivas, porém sem o mesmo peso dramático da versão original. 

Chamar de “filme” é praticamente um clickbait que pode até enganar quem estiver mais desatento, esperando que seja conteúdo 100% novo. Não se compara ao filme de Chainsaw Man que funciona maravilhosamente bem até mesmo para quem nunca viu o anime.

Para fãs dedicados, pode funcionar pela nostalgia se estiver disposto a gastar uma graninha para ver conteúdo apressado e 80% repetido. Para o restante do público, o ideal é esperar a temporada nova chegar em janeiro.

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