Hoje em dia, todo mundo já sabe: quem escreve Boruto não é mais o Masashi Kishimoto, e sim o Mikio Ikemoto. E, claro, os haters estão em festa. Pra eles, se o criador original não está por trás da história, então Boruto é filler, tipo Dragon Ball GT. Mas será que é isso mesmo? Será que dá pra fingir que Boruto não existe e seguir a vida?
Sempre que rola alguma notícia sobre Boruto, os comentários se dividem. De um lado, os fãs que ainda acreditam no potencial da nova geração. Do outro, os haters que já chegam com o teclado afiado: “ainda existe esse lixo?”, “devia ter acabado em Naruto Shippuuden”. E agora, com a confirmação de que Kishimoto não escreve o mangá diretamente, essa galera ganhou uma munição pesada. Só que a verdade é um pouco mais complexa do que parece.
Kishimoto realmente saiu de Boruto?
Durante uma entrevista na França, Kishimoto e Ikemoto deixaram claro que o mestre de Naruto atua hoje mais como supervisor do projeto. Ele revisa os capítulos, dá os “ok” necessários, mas quem está no comando criativo é o Ikemoto — o antigo assistente que trabalhou com ele durante toda a publicação do mangá original.
Ou seja: o Ikemoto é tipo o Robin do Batman, o cara em quem o Kishimoto confia pra continuar a história. O próprio autor disse que ele era o único capaz de assumir essa responsabilidade.
O estilo dos dois é bem diferente, claro — e isso dá pra sentir na leitura. Tem gente que curte, tem gente que odeia. Mas o fato de o Kishimoto não estar escrevendo cada diálogo não significa que Boruto virou um filler. Pra entender o porquê, a gente precisa voltar ao básico: o que é um filler de verdade?
O que é filler, afinal?
No mundo dos animes, “filler” é aquele episódio inventado só pra “encher linguiça”, sem base no mangá original. Naruto mesmo teve vários — quem não lembra do arco do gato ou de missões aleatórias que nunca mais foram mencionadas? Esses episódios não afetam em nada o enredo principal, só servem pra o anime não ultrapassar o mangá.
Por isso, quando alguém chama Boruto de filler, está dizendo que ele não faz parte da história oficial do universo de Naruto, que seria uma espécie de spin-off descartável. E aí vem a comparação com Dragon Ball GT, que foi criado pela Toei sem o envolvimento direto do Akira Toriyama — tanto que GT não é canônico dentro da linha principal de Dragon Ball Super.
Mas aqui está a diferença crucial: Boruto foi planejado e aprovado pelo próprio Kishimoto desde o início. Ele supervisiona tudo, revisa os rascunhos e aparece nos eventos ao lado de Ikemoto. Ou seja, não é uma produção paralela ignorada pelo criador original. É uma continuação direta e oficial de Naruto.
Boruto é canônico — e o anime também
O capítulo 700 de Naruto é o ponto de partida de Boruto. A história que começou ali segue com novos personagens, novos conflitos e, sim, novos autores. Mas é tudo parte do mesmo universo. O mangá Boruto: Two Blue Vortex continua expandindo essa linha, sem quebrar o cânone.
E o anime? Muita gente diz que ele é cheio de filler. E realmente, o anime tem muito conteúdo original — como o arco da Vila da Névoa, o da Sumire e até o da viagem no tempo. Mas isso não significa que é filler. Esses arcos foram criados com supervisão da equipe original e têm impacto real no mangá. Personagens que nasceram no anime, como a Sumire, depois aparecem oficialmente na história impressa.
O anime funciona como uma expansão do universo, dando mais tempo pra desenvolver personagens e histórias que o mangá aborda de forma mais seca. É o que a gente chama de mídia secundária, mas ainda assim parte do cânone.
No fim das contas, Boruto não é Dragon Ball GT. É a continuação oficial de Naruto, supervisionada pelo próprio Kishimoto. Pode não agradar todo mundo — e tudo bem —, mas não é filler. Quem tenta desconsiderar a obra só porque o autor original não está escrevendo cada linha, está ignorando o próprio conceito de cânone.
No mundo ninja, o legado continua — mesmo que o mestre só esteja observando de longe.
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