Kojima compara IA com a ascensão dos Smartphones: “Não tem volta”

Vinicius Miranda

Hideo Kojima voltou a comentar o uso de IA na indústria de games, afirmando que não faz sentido rejeitar a tecnologia. O renomado diretor destacou que, assim como aconteceu com os smartphones, não há como evitar a adoção da inteligência artificial nos próximos anos.

A discussão em torno da IA em jogos ganhou força após o aumento de ferramentas de automação e modelos de linguagem. Parte da comunidade e desenvolvedores têm manifestado preocupação com possíveis impactos em empregos e processos criativos. Nos últimos meses, o estúdio Larian Game Studios esteve no centro do debate ao ser criticado por implementar IA em parte de suas produções.

Durante entrevista recente ao portal japonês Nikkei Xtrend, traduzida pelo veículo GamesRadar+, Kojima comparou a resistência atual à forma como celulares inteligentes foram recebidos no passado. Segundo o diretor, quando os aparelhos surgiram, também houve rejeição inicial, mas o cenário mudou rapidamente. Ele relembrou que hoje existem “tantas pessoas que não conseguem viver sem seus smartphones”.

Hideo Kojima – Reprodução

Kojima explicou que vê a IA em uma trajetória semelhante. De acordo com o criador de franquias como ‘Death Stranding’, é essencial entender como “usar a tecnologia de uma forma que nos faça felizes”. Para ele, não faz sentido defender posturas como “não deveríamos usar IA” ou “IA é inútil”, pois não há retorno possível após o avanço tecnológico.

O diretor também comentou como a IA pode transformar a comunicação humana, auxiliando pessoas com dificuldades em interações presenciais. Segundo ele, a tecnologia pode abrir caminhos para novas formas de expressão e acessibilidade, ao reduzir barreiras sociais criadas por normas de comunicação tradicionais.

No entanto, Kojima ponderou que o uso constante da tecnologia pode tornar os usuários dependentes. Para evitar efeitos negativos, propôs limitar o envolvimento da IA em determinadas situações ou estabelecer períodos sem interação com sistemas inteligentes. O diretor mencionou que seria importante criar medidas para “reduzir o envolvimento da IA, ou ter dias onde não a usamos”.

Os comentários reforçam a visão de parte do setor que considera inevitável a presença da IA nos processos criativos, produtivos e comerciais do entretenimento digital. Embora a adoção tenha provocado debates intensos, executivos, designers e programadores buscam entender como a tecnologia pode ser integrada de maneira responsável.

O posicionamento de Kojima surge em meio a outros assuntos envolvendo o diretor. Segundo o texto original, ele teria se juntado ao elenco de ‘Zootopia 2’ dias antes do lançamento do filme. Além disso, o criador revelou que chegou a considerar desenvolver um jogo baseado na franquia Matrix, mas o projeto não avançou porque a Konami teria impedido.

A fala de Kojima se soma à discussão global sobre a automação e os limites da inteligência artificial. No setor de games, empresas e profissionais analisam riscos e benefícios, pressionados pelo avanço acelerado da tecnologia e pela necessidade de adaptação. Cada nova declaração de figuras influentes contribui para moldar o debate sobre como o entretenimento digital deve conviver com ferramentas inteligentes.

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