O mundo das HQs perdeu uma figura lendária. Jim Shooter morreu na noite de segunda-feira (30) em decorrência de um câncer no esôfago, contra o qual ele lutava há um bom tempo. O escritor e editor de quadrinhos tinha 73 anos de idade.
Shooter foi editor-chefe da Marvel entre 1978 e 1987, e é o responsável por ter levado Frank Miller para O Demolidor, John Byrne para X-Men e Quarteto Fantástico e Walt Simonson para trabalhar nos gibis de Thor.
Antes, lançou uma aclamada linha de graphic novels, incluindo títulos como X-Men: Deus Ama, o Homem Mata e A Morte do Capitão Marvel.
E entre dezenas de outros feitos, ajudou a criar a série Guerras Secretas, que ele próprio escreveu. O título, que reunia praticamente todo o elenco do Universo Marvel, foi um divisor de águas que repercute até os dias de hoje, além de ter sido um marco para o marketing no mercado de quadrinhos, com uma linha de derivados, como bonecos baseados do crossover.
Mark Waid, outro ícone dos quadrinhos, ecreveu um texto emocionado em seu perfil no Facebook, anunciando a morte do colega. Ele traçou um belo perfil do escritor, partindo da lembrança de que Jim Shooter começou a escrever HQs com apenas 13 anos de idade.
Tudo começou aos 13 anos de idade
“Durante uma internação hospitalar, ele ganhou alguns quadrinhos da Marvel e da DC e percebeu claramente o quanto os quadrinhos da Marvel eram mais emocionantes e não conseguia entender por que os da DC não tinham a mesma vitalidade. Sem ter a mínima ideia de como roteiros de quadrinhos eram feitos, ele literalmente escreveu e desenhou uma história da Legião dos Super-Heróis em papel de caderno e a enviou ao editor Mort Weisinger (então editor da DC), que o colocou para trabalhar imediatamente — sem ter ideia de quão jovem ele era”, escreveu Waid.
Em sua breve carta de despedida ao colega, o autor de O Reino do Amanhã também comentou o estilo administrativo de Shooter à frente da Casa das Ideias: “Sei que, para muitos, ele foi uma figura controversa no passado (cada jogo é um jogo), principalmente no que diz respeito ao seu estilo de gerenciamento, mas minhas experiências com ele estavam fora desse contexto e iniciaram com meu amor eterno por seus escritos, começando com a primeira vez que peguei um exemplar de Adventure Comics em 1967”.
Waid também lembrou que Jim Shooter lançou uma sucessão de empresas de quadrinhos de longa e curta duração após a saída dele da Marvel e que nos últimos anos, ele vinha fazendo aparições frequentes em convenções de quadrinhos.
Ao mestre com carinho
“Minhas refeições e conversas com Jim eram sempre geniais, e eu nunca deixava de lembrá-lo de como seu trabalho era inspirador para mim; há escolhas narrativas e influências estilísticas que recebi dele em quase todos os meus trabalhos. Lamento não ter tido a chance de me despedir, mas estou feliz que ele finalmente esteja em paz depois de anos de sofrimento”, encerrou Mark Waid.
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