A indústria dos games tem seus momentos de brilho, mas também enfrenta quedas bruscas que deixam marcas profundas. Alguns títulos chegaram tão perto do colapso que quase comprometeram a confiança do público — e, em um dos casos, até a própria existência do setor. A seguir, reunimos alguns dos maiores fracassos já registrados no mercado, cada um por motivos bem diferentes.
‘Final Fantasy XIV’: o MMO que precisou ser desligado
O lançamento de ‘Final Fantasy XIV’ em 2010 marcou um dos episódios mais incomuns da história da Square Enix. Mesmo após o sucesso de ‘Final Fantasy XI’, o novo MMORPG chegou ao mercado repleto de falhas: bugs graves, sistemas desbalanceados e escolhas de design que afastaram rapidamente os fãs.
A situação ficou tão crítica que a empresa adotou uma solução extrema: desativou completamente o jogo em 2012, cancelou a versão para PlayStation 3 e encerrou os servidores com um evento que, dentro da própria narrativa, mostrava o mundo sendo destruído. Logo depois, a equipe refez o projeto do zero e relançou o título em 2013 como ‘Final Fantasy XIV: A Realm Reborn’, que se tornou um dos MMOs mais bem-sucedidos da atualidade.
‘The Stomping Land’: o desaparecimento repentino
Financiado via Kickstarter, ‘The Stomping Land’ prometia uma experiência de sobrevivência ambientada na era dos dinossauros e chamou atenção por envolver um desenvolvedor que havia trabalhado em Skyrim. Após arrecadar mais do que o esperado e lançar uma versão de acesso antecipado em 2014, o projeto entrou em silêncio total.
As atualizações rarearam, os desenvolvedores deixaram de se comunicar e o jogo simplesmente desapareceu da Steam. Até hoje não há esclarecimentos sobre o que aconteceu com a equipe ou com os recursos arrecadados, deixando apoiadores frustrados e prejudicando a confiança em projetos independentes futuros.
Nintendo Wii U: uma comunicação que custou caro
Anunciado como sucessor do Wii e primeiro console da Nintendo na oitava geração, o Wii U chegou em 2012 com uma proposta ousada: um controle em formato de tablet. O problema é que a comunicação da empresa confundiu o público, levando muitos a acreditar que se tratava apenas de um acessório para o Wii — não um console novo.
O dispositivo trouxe jogos interessantes, mas o controle teve baixa aceitação e parte do público considerou a proposta pouco inovadora, especialmente com a ascensão dos smartphones e tablets como plataformas de jogos. O resultado foi um dos piores desempenhos comerciais da história da Nintendo, perdendo em vendas apenas para o Virtual Boy e o Color TV-Game.
O impacto foi tão grande que a empresa acelerou os planos de seu próximo console, lançando o Nintendo Switch em 2017 — este sim um enorme sucesso global.
‘Cyberpunk 2077’: do hype ao caos
Após o prestígio obtido com ‘The Witcher 3’, a CD Projekt Red conquistou a confiança do público para ‘Cyberpunk 2077’. A expectativa era alta, reforçada pela participação de Keanu Reeves, mas o lançamento em 2020 trouxe uma onda de problemas. Embora a experiência no PC, PS5 e Xbox Series fosse mais estável, as versões de PlayStation 4 e Xbox One apresentavam bugs severos e desempenho comprometido.
A situação levou a uma decisão inédita: a Sony abriu reembolso exclusivo para o jogo e retirou o título da PSN do PS4 temporariamente. Depois de meses de correções e grandes atualizações, o game recuperou parte do prestígio, culminando no lançamento da expansão ‘Phantom Liberty’, indicada em premiações no final de 2023.
‘Daikatana’: quando o hype saiu do controle
Criado por John Romero, um dos responsáveis por Doom, ‘Daikatana’ nasceu cercado de expectativas. Entretanto, conflitos internos, escolhas equivocadas e excesso de confiança prejudicaram o projeto. Uma campanha de marketing polêmica com a frase “John Romero’s about to make you his bitch” gerou enorme rejeição antes mesmo do lançamento.
O jogo sofreu adiamentos prolongados, chegou ao mercado em má fase e se tornou um dos maiores fracassos de sua época. A carreira de Romero, que já havia sido vista como a de uma figura lendária do game design, também entrou em declínio após o episódio.
‘The Day Before’: ascensão e queda em poucos dias
Prometido como um título de sobrevivência em cenário pós-apocalíptico, ‘The Day Before’ chamou atenção com trailers que exibiam gráficos ambiciosos. Porém, as primeiras gameplays despertaram suspeitas, indicando que o conteúdo não correspondia ao prometido. O uso de elementos reciclados de outros jogos e até semelhanças visuais com ‘The Last of Us’ reforçaram a desconfiança.
Lançado em 2023 em acesso antecipado na Steam, o game foi recebido de forma negativa. Poucos dias depois, a desenvolvedora declarou falência, o jogo foi removido da loja e seus servidores encerrados. A existência do título, do anúncio à morte, durou menos de uma semana.
‘Concord’: o flop relâmpago da Sony
Previsto como uma das grandes apostas da Sony para 2024, ‘Concord’ apostaria em um modelo de hero shooter com foco em serviço contínuo. Entretanto, o estilo já demonstrava sinais de saturação no mercado, e o jogo enfrentou críticas por visual genérico e personagens pouco marcantes.
O beta teve baixa participação e, no lançamento, o título registrou menos de 700 jogadores simultâneos na Steam. Duas semanas depois, a Sony e a Firewalk Studios descontinuaram o projeto e reembolsaram todos os compradores. Informações indicam que o jogo levou cerca de 8 anos para ser concluído.
‘E.T.’: o jogo que quase afundou a indústria
Lançado às pressas para aproveitar o sucesso do filme ‘E.T. – O Extraterrestre’ em 1982, o jogo produzido pela Atari foi desenvolvido em apenas dois meses. O resultado foi um título confuso, repleto de falhas e amplamente rejeitado pelos consumidores.
O fracasso gerou a famosa história dos cartuchos enterrados em um deserto no Novo México, confirmada décadas depois em uma escavação registrada em documentário. A recepção negativa de ‘E.T.’ é até hoje associada ao início da Crise dos Videogames de 1983, período em que o mercado enfrentou queda brusca nas vendas. A recuperação só veio com a popularização dos computadores pessoais e, posteriormente, com a chegada do Nintendo Entertainment System (NES).
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