Cineastas como Martin Scorsese, Jane Campion e Wes Anderson se uniram em um apelo para proteger os cinemas de Roma da ameaça de conversão em centros comerciais e hotéis.
O motivo dessa mobilização é um projeto de legislação regional que visa permitir a transformação desses importantes espaços culturais em estabelecimentos comerciais.
A proposta está em fase de aprovação, o que tem gerado uma onda de preocupação no cenário cultural.
A ameaça aos cinemas de Roma ganhou força no mês passado, quando as empresas Colliers Global Investors e Wrm Capital adquiriram nove cinemas da cidade após vencerem um leilão relacionado a uma falência imobiliária.
As aquisições, que totalizaram cerca de €50 milhões (aproximadamente $52 milhões), incluem cinemas como o Cinema Adriano, que ainda funciona, além de outros que estão fechados há algum tempo.
O fundo que adquiriu os cinemas é liderado pelo financiador italo-britânico Raffaele Mincione, e a proposta de mudança na legislação busca remover restrições que atualmente impedem a transformação desses cinemas em qualquer outro tipo de negócio que não seja cultural.
Em uma carta aberta, inspirada pelo arquiteto Renzo Piano, Scorsese expressou sua indignação: “Como Renzo Piano reflete de forma eloquente sobre a situação atual em Roma, é claro que a tentativa de repensar espaços destinados a um possível renascimento cultural da cidade eterna em hotéis, shopping centers e supermercados é totalmente inaceitável“, afirmou o cineasta.
Essa transformação representaria uma perda irreversível: um sacrilégio profundo, não apenas para a rica história da cidade, mas também para o legado cultural das futuras gerações.
Cineastas internacionais se unem ao apelo
O apelo lançado por Scorsese, Jane Campion, Wes Anderson e Renzo Piano ganhou o apoio de diversas figuras influentes da indústria cinematográfica internacional.
Entre os apoiadores estão Spike Lee, Steven Spielberg, Alfonso Cuarón, David Cronenberg, Ari Aster, entre muitos outros.
Eles uniram forças para salvar os cinemas romanos, que consideram essenciais para a cultura e o desenvolvimento artístico da cidade.
“Fazemos um chamado aos nossos colegas ao redor do mundo, diretores de festivais e todos os operadores culturais para assinar esta carta e salvar a última chance de redenção de uma das cidades culturais e artísticas mais importantes do mundo” declarou Scorsese.
A carta também é um apelo pessoal ao presidente Sergio Mattarella e à primeira-ministra Giorgia Meloni, pedindo que não permitam a conversão desses espaços culturais.
O futuro dos cinemas em Roma
Além das ameaças aos cinemas ativos, o presidente da Cinema America, Valerio Carocci, alertou que a nova legislação pode também incentivar os donos de cinemas em operação a fecharem as portas, com o objetivo de aumentar o valor imobiliário de seus imóveis.
Para ele, isso representaria uma sentença de morte para as gerações futuras de Roma, que perderiam a oportunidade de vivenciar os espaços culturais que marcaram a história da cidade.
Com o apoio de grandes nomes do cinema mundial e uma crescente mobilização da sociedade, os próximos dias serão decisivos para o destino dos cinemas em Roma e seu papel como símbolos culturais para o futuro.
FONTE: Variety
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