‘Marvel Zumbis’ estreou hoje (24) e trouxe uma nova visão do universo zumbi, ambientada na mesma linha temporal de ‘Vingadores: Ultimato’ no UCM. A série aposta pesado no elenco da fase quatro, colocando em cena heróis e vilões como Blade, Ikaris, Capitã Marvel, Thor e até o Hulk, todos em versões corrompidas ou alternativas, enfrentando ameaças que misturam zumbis, skrulls e deuses. A proposta parece grandiosa, mas tropeça justamente onde deveria brilhar: ao tentar ser séria, a produção se perde em incoerências e escolhas de roteiro que enfraquecem o impacto da história.
A proposta da série
Com apenas quatro episódios, a produção resgata elementos da fase quatro do UCM e mostra personagens em versões alternativas. A ideia inicial parecia promissora: um clima de ‘road movie’, com Kamala, Katy e Riri tentando levar um dispositivo para pedir ajuda à Tropa Nova. A interação entre elas e o tom mais sério davam esperança de que a série seria algo diferente.
Um dos pontos altos logo no início é o Vale dos Deuses Quebrados, onde vemos Capitã Marvel zumbi contra Ikaris em uma luta aparentemente interminável. A participação de Blade também reforçou a expectativa de que a série seguiria um caminho mais sombrio e ousado.
O problema da Kamala Khan
A partir daí, porém, a narrativa muda de foco. A série passa a empurrar Kamala Khan como protagonista absoluta, e isso acaba ofuscando personagens que poderiam ter rendido muito mais, como o próprio Blade, o Homem-Aranha, Shang-Chi ou até mesmo a Valquíria.
A justificativa para Kamala assumir esse papel central soa fraca e forçada. A impressão que fica é de que a Marvel tentou repetir o papel que o Rick Jones teve nos quadrinhos antigos, mas sem a mesma naturalidade.
Incoerências e conveniências de roteiro
A série não economiza em referências à fase quatro: Viúva Negra, Invasão Secreta, Shang-Chi, Cavaleiro da Lua, WandaVision e Doutor Estranho no Multiverso da Loucura aparecem de forma indireta. O problema é que muitas situações simplesmente não fazem sentido:
- Wanda teria se curado do vírus, mas continua agindo como vilã sem explicação convincente.
- Banner volta do nada e consegue absorver o poder das Joias do Infinito, algo incoerente com o UCM.
- Namor é derrotado pela Kamala de forma pouco convincente — quando ele poderia simplesmente afundar a batalha a Balsa junto com todos.
- A cena de Thanos zumbi usando a Joia do Poder é comparável à de Ultron partindo o Titã ao meio em ‘What If…?’: pura conveniência.
Esses pontos comprometem a lógica interna estabelecida ao longo de uma década no UCM.
Os acertos da série
Apesar dos problemas, ‘Marvel Zumbis’ tem momentos interessantes:
- A luta na Balsa do Zemo é intensa e bem coreografada.
- O braço zumbi de Shang-Chi é uma ideia criativa.
- A Nova Asgard é apresentada de forma mais interessante do que nos filmes.
- O visual do Hulk do Infinito impressiona, mesmo que a justificativa seja questionável.
Ou seja, há boas ideias espalhadas, mas elas se perdem no meio de decisões narrativas fracas.
Vale a pena assistir?
Se você é fã da Kamala Khan, vai adorar: ela é tratada como a maior heroína do universo, com direito a destaque em praticamente todas as resoluções importantes. Mas se você esperava uma história épica, coerente e cheia de impacto, pode se decepcionar.
‘Marvel Zumbis’ vale pela curiosidade e pelas lutas criativas, mas está longe de ser a série que poderia ter revitalizado o selo de animações da Marvel.
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