Mickey completa 90 anos com quadrinhos fora das bancas brasileiras

Estadão Conteúdo

Mickey completa 90 anos com quadrinhos fora das bancas brasileiras

Walt Disney havia emplacado seu maior sucesso em 1927, quando criou o coelho Oswald – com fortes inspirações de quadrinhos e animações da época como Krazy Kat e o Gato Félix. Os direitos do personagem, todavia, ficaram com seu produtor, Charles Mintz. No ano seguinte, Disney e seu desenhista, Ub Iwerks, tentariam a sorte novamente com um camundongo, mas mantendo os direitos dele para seu estúdio. Foi então que surgiu um dos mais importantes personagens infantis de todos os tempos: Mickey Mouse.

“Mickey Mouse é uma influência para tudo, desde a animação no cinema e na TV, todo tipo de quadrinhos, caricaturas”, afirma o ilustrador italiano radicado na Austrália Thomas Campi. “Ele foi um dos primeiros personagens de seu tipo, inaugurou toda uma era e foi copiado por diversas criações que vieram mais tarde. Não há palavras para descrever o quão influente ele foi. Não importa se você gosta da Disney, ele foi superimportante.”

O quadrinista brasileiro Ivan Reis já assinou edições nacionais de gibis do Mickey, e destaca a maneira como desenhistas ao redor do planeta impuseram suas próprias marcas ao longo dos últimos 90 anos para ajudar a moldar o traço do personagem.

“O principal contato que eu tive com o Mickey foi pela parte artística, nem tanto pelas narrativas, porque os desenhistas europeus chamavam muita atenção esteticamente. Principalmente o [quadrinista italiano Giorgio] Cavazzano, que ainda é uma referência no estilo do personagem. Eu adorava ver a capacidade artística de estilização e simplificação que ele conseguia impor mantendo o desenho rico”, analisa o artista. “Deixar de ter o personagem publicado é uma notícia muito triste para o mercado em geral”, lamenta o quadrinista.

O colecionador Ivan Freitas, curador da exposição Quadrinhos, que abre essa semana no MIS, comenta o recente término da publicação dos gibis do Mickey no Brasil. “Até pela longevidade, ele é muito importante para o quadrinho brasileiro. Todo mundo leu. São quadrinhos que ficaram nas bancas durante muito tempo até recentemente, infelizmente. No imaginário do brasileiro, tem a questão dos parques da Disney como sonho de consumo da classe média geração após geração. O término das publicações da Disney pela Abril causou comoção além do mercado de leitores regulares de quadrinhos, porque esses personagens têm uma grande penetração no País.”

Em 2006, a Disney adquiriu os direitos de Oswald, e o coelho antagonizou a série de videogames Epic Mickey, em que o camundongo vai parar em uma espécie de reino dos desenhos esquecidos governado pelo rival. No final, Mickey venceu Oswald. Esperamos que ele também supere a crise que o deixou de fora das bancas brasileiras.

Disney+ já tem site em português, mas sem previsão de chegar ao Brasil

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