por Cheyna Corrêa
Teorias da conspiração acompanham a cultura pop desde sempre. No universo musical, elas ganham contornos tão criativos quanto inacreditáveis – e, quase sempre, completamente infundados. A seguir, reunimos as narrativas mais faladas e explicamos por que caem no campo da lenda urbana.
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Scorpions e a música da CIA
A balada “Wind of Change” (1990) virou hino à queda do Muro de Berlim, mas há quem afirme que a letra só foi encomendada pela CIA para enfraquecer a União Soviética. Impossível: Klaus Meine, vocalista do Scorpions, já declarou que a inspiração veio das próprias emoções da banda ao testemunhar a reunificação alemã – e nunca encomendou nada a serviço de agências de inteligência.
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Stevie Wonder não é cego
O mito de que Stevie Wonder “finge” cegueira baseia-se em fotos, jogos de NBA onde ele assiste sem enxergar e em reflexos de microfone. A realidade é simples: como ocorre com muitas pessoas com deficiência visual congênita, seus outros sentidos são aguçados, permitindo-lhe orientações que parecem “sobrenaturais”.
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Courtney Love matou Kurt Cobain
A morte de Cobain, em 1994, suscitou teorias de assassinato arquitetado por Courtney Love para impulsionar o Hole. As investigações oficiais e testemunhos apontam para suicídio por arma de fogo, e o álbum lançado após o óbito já estava em produção antes da tragédia.
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Clube dos 27
Brian Jones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Peter Ham, Jean-Michel Basquiat, Kurt Cobain e Amy Winehouse morreram aos 27 anos. Isso gerou boatos de “maldição” entre artistas talentosos. Estudos de psiquiatria e estatística, porém, mostram tratar-se de mera coincidência num universo amplo de celebridades.
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Jay-Z é Illuminati
O gesto de “diamante” nas mãos, associado aos Illuminati, nada mais é que a marca da Roc-A-Fella Records, selo fundado por Jay-Z. Embora ele brinque com símbolos misteriosos – afinal, “falem bem ou falem mal, mas falem de mim” –, não há evidência de sociedade secreta nem de poderes mágicos.
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Taylor Swift trabalha para o governo dos EUA
Alguns afirmam que Swift emprega sua influência para eleger presidentes norte-americanos. O que existe, na verdade, é o direito de todo cidadão famoso de declarar seu voto; as manifestações de Swift a favor de candidatos democratas são reações pessoais, não um contrato com agências governamentais.
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“Stairway to Heaven” e mensagens satânicas
Ao girar a fita do clássico do Led Zeppelin ao contrário, algumas pessoas juram ouvir trechos satânicos. O que se ouve é ruído de inversão de áudio – e, sim, Jimmy Page era fascinado por ocultismo. Mas essa afinidade não equivale a invocar Satanás.
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Xuxa fez pacto com o diabo
Nos anos 80, criar teorias de mensagens ocultas em discos ao contrário virou mania no Brasil. A rainha dos baixinhos teria cantado versos demoníacos e obtido sucesso por pacto com o inferno. Assim como em casos semelhantes, basta tocar o vinil “do jeito certo” para perceber que não há nada além de ruído e imaginação.
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Elvis e Michael Jackson continuam vivos
O mistério em torno da morte de Elvis (1977) e o ar de mistério que cercou a partida de Jackson (2009) alimentaram boatos de que ambos teriam forjado óbitos e se refugiado anonimamente. Para Elvis, só em 2027 a autópsia cairá em domínio público. Já no caso de Jackson, a documentação oficial e testemunhos médicos confirmam sua morte.
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Paul McCartney e Avril Lavigne foram substituídos
Segundo a lenda, Paul morreu em 1966 e deu lugar ao sósia Billy Shears, enquanto Avril teria morrido em 2003 e sido trocada por um duplo. As supostas “pistas” em capas de discos e letras fazem parte da brincadeira de fãs mais criativos, mas não resistem a qualquer análise factual – Paul e Avril seguem ativos em suas carreiras e jamais deixaram de ser quem dizem ser.
Por mais sedutoras que pareçam, essas teorias resistem unicamente pelo fascínio humano por mistérios e coincidências. Na era do acesso instantâneo à informação, vale o exercício de buscar fontes confiáveis antes de transformar boatos em verdades absolutas. Afinal, a melhor melodia é a que se baseia em fatos.
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