Monstros: A História de Ed Gein chegou prometendo ser o maior sucesso da franquia criada por Ryan Murphy, mas acabou se tornando o capítulo mais polêmico até agora. O que era pra ser uma obra-prima do true crime está sendo duramente criticado por público e crítica — e com razão. A série ultrapassa uma linha perigosa ao tentar humanizar um dos assassinos mais perturbadores da história real dos Estados Unidos.
Violência extrema e visual impecável
Primeiro, é impossível negar: a produção está impecável. A ambientação da década, o figurino e a fotografia criam um clima imersivo que prende o espectador. Mas junto com esse capricho vem o primeiro problema: o nível de violência gráfica.
As cenas gore são muito mais explícitas do que nas temporadas anteriores, e muitos espectadores consideraram o conteúdo exagerado e perturbador sem necessidade. A série parece ter passado da linha do entretenimento para o desconforto puro.
Por outro lado, as atuações são o ponto alto. Charlie Hunnam surpreende ao desaparecer no papel de Ed Gein, entregando uma performance intensa e sombria. Já a atriz que interpreta a mãe do assassino — a mesma que vive a mãe do Sheldon em The Big Bang Theory — rouba a cena em momentos decisivos.
Roteiro confuso e ritmo arrastado
A narrativa, que já seguia o estilo de saltos temporais das temporadas anteriores, ficou ainda mais caótica. O vai e vem de cenas e o ritmo lento fizeram muitos fãs se perderem no meio da trama. Há episódios que parecem se arrastar, e a confusão temporal pode até ter sido intencional, para refletir a mente doentia de Ed Gein, mas acabou deixando a experiência frustrante.
A fronteira entre compreensão e glorificação
O verdadeiro motivo da rejeição, no entanto, está no tom da história. Monstros: A História de Ed Gein passa um pano demais pro criminoso. O roteiro explora tanto o passado traumático, as influências da mãe e a saúde mental de Gein que acaba transformando o assassino em vítima.
A série tenta provocar uma reflexão sobre como o público consome histórias de terror e violência, colocando o espectador como “cúmplice” da glamurização do crime. Mas o resultado saiu pela culatra: a empatia forçada com Gein tirou o peso de seus crimes reais e deixou muita gente incomodada com a forma como o personagem foi retratado.
Mesmo com bons momentos e um visual de cair o queixo, Monstros: A História de Ed Gein tropeça no mesmo erro que já rondava a franquia desde Dahmer: a humanização do monstro. No fim, o público sai da série sentindo que o assassino foi mais um coitado do que um criminoso cruel — e isso, em uma produção baseada em fatos reais, é um erro difícil de perdoar.
Seja o primeiro a comentar