Mesmo após seu fim em 2017, Naruto segue dominando a audiência global. Um relatório recente revelou que o anime foi o mais assistido da Netflix em 2024, superando até lançamentos recentes. Com esse sucesso, porém, surgem cada vez mais teorias e interpretações equivocadas sobre a obra. Uma das mais populares — e criticadas — é a ideia de que Naruto seria uma história sobre “trabalho duro superando o talento nato”.
Segundo fãs mais atentos, essa leitura ignora o verdadeiro tema central da obra: a superação do destino.
Entendendo a polêmica: Naruto é hipócrita?
Muitos apontam Naruto como hipócrita por, supostamente, representar a luta do esforço contra o talento, enquanto carrega poderes “de nascença”, como ser filho do Quarto Hokage, portador da Kyuubi e a reencarnação de uma figura lendária. Isso é frequentemente usado como munição em críticas que tentam invalidar suas conquistas.
A comparação mais comum é com o personagem Neji Hyuuga, que defendia ferrenhamente que o destino de uma pessoa já está traçado e não pode ser alterado. Ele acreditava que pessoas “fracassadas” nasceram para fracassar, e que os “talentosos” sempre estariam no topo. Essa visão vinha da sua experiência como membro da família secundária dos Hyuuga, marcada por submissão e tragédias — como a morte de seu pai no lugar do líder do clã, Hiashi.
O verdadeiro ponto do embate Naruto vs. Neji
Durante a luta no Exame Chunin, Naruto vence Neji com a força de suas convicções — mas não nega a existência do destino. O que ele mostra é que é possível desafiar e mudar esse destino. Como ele mesmo diz: “Você não precisa aceitar um destino que você odeia”.
Naruto também carrega uma maldição: a Kyuubi dentro de si, que o fez ser temido e rejeitado pela vila. Quando Neji questiona se ele sabe o que é “viver com uma maldição”, Naruto responde na prática, usando o poder da raposa — a mesma força que o marginalizava — para vencer.
Além disso, o jutsu que sela sua vitória é o Clones das Sombras, técnica derivada da Clonagem — justamente a habilidade que o fez reprovar três vezes na academia ninja. Naruto pegou aquilo que era seu ponto fraco e transformou em sua maior arma. Ele literalmente reescreveu seu destino.
Destino em Naruto: um tema recorrente
A filosofia que Kishimoto estabelece é clara: o destino existe, mas pode ser mudado por quem não se conforma com ele. A vitória contra Neji não representa o triunfo do “talento” sobre o “esforço”, nem invalida o discurso do protagonista. Pelo contrário: reforça que as maldições e limitações que cada um carrega não precisam definir sua vida.
Naruto nunca foi sobre “trabalho duro vencendo talento”. Foi sobre transformar a dor e a rejeição em força para mudar o próprio caminho. E esse é o verdadeiro núcleo da história que conquista gerações — e ainda faz milhões assistirem no streaming todos os anos.
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