O Agente Secreto chega aos cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira (6) com grande expectativa. O novo longa de Kleber Mendonça Filho já desponta como um dos destaques do cinema nacional em 2024, acumulando prêmios internacionais e chamando atenção antes mesmo do lançamento comercial no país.
A produção foi indicada a duas categorias no Gotham Film Awards — roteiro original e melhor atuação para Wagner Moura, protagonista do filme. O reconhecimento reforça a trajetória de sucesso iniciada em maio, quando a obra conquistou melhor direção e melhor ator no Festival de Cannes, uma das premiações mais prestigiadas do cinema mundial.
Além disso, o longa foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema como o representante nacional na disputa pelo Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme Internacional, elevando ainda mais a expectativa do público e da crítica.
Em coletiva realizada em São Paulo, na semana passada, Moura destacou que, embora o caminho até o Oscar seja longo, os prêmios recentes aumentam o otimismo:
A gente está fazendo tudo direito, mas tem que ter calma. Quando começam a surgir indicações como a do Gotham, aí parece que o caminho está ficando mais real.

Diretor, produtora e elenco de ‘O Agente Secreto’ durante coletiva em SP (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)
Trama e contexto histórico
Escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho, O Agente Secreto acompanha Marcelo, vivido por Moura, que retorna ao Recife nos anos 1970 para reencontrar o filho e escapar de um passado misterioso. Ambientada durante a ditadura militar, a narrativa explora memória, trauma e identidade brasileira — temas frequentemente abordados pelo cineasta.
O diretor afirmou que busca atrair especialmente o público jovem para refletir sobre a história do país:
Quero que o filme seja visto por um público grande no Brasil, mas eu tenho um desejo muito especial de que esse filme seja descoberto por gente muito jovem – como estudantes, meninos e meninas – que vão ao cinema e veem um filme brasileiro que conta a história brasileira. Talvez esses jovens possam descobrir alguma coisa nova, algum ponto de vista interessante sobre o nosso país.
E sobre um dos períodos mais sombrios da história do Brasil que o diretor espera que a juventude conheça ainda mais:
Eu saí de uma sessão do filme Ainda Estou Aqui, no Recife, e na minha frente saíram duas meninas muito jovens que falaram uma para outra que não sabiam que o regime militar tinha sido tão ruim daquele jeito. Então, eu acho que são pequenas informações, pequenos sentimentos, que um filme, principalmente um filme brasileiro, pode trazer sobre o nosso país.
Memória
O Agente Secreto começa com um retorno ao passado, uma busca por memórias e entendimentos. Mostra não somente o retorno de Marcelo para sua família e sua casa, como também apresenta um momento histórico do país que, segundo o diretor, sempre se tenta apagar, mas que continua a provocar traumas e violências constantes:
O Brasil é um país que tem algumas questões com memória, é um país que tende a esquecer de muita coisa. Eu acho que o cinema é um instrumento muito bom, porque ele é um bom filme, prende a sua atenção, te diverte e te mantém entretido, mas ele também pode ter uma carga de informação de verdade sobre o lugar onde a gente mora.
Para o intérprete de Marcelo, a busca por essas memórias é uma característica não somente de O Agente Secreto, mas do cinema nacional, como um todo.
A memória é importante, porque se a gente não tivesse, por exemplo, a Lei da Anistia, que foi uma lei que apagou a memória do Brasil, a gente não teria tido o presidente que a gente teve, esse que foi condenado (Jair Bolsonaro). A memória é uma coisa importante e não só para a cultura e o cinema, mas o jornalismo, a universidade, a sociedade como um todo, têm a função de preservar a nossa memória para que cresçamos como país.
Com redação da Agência Brasil.






Seja o primeiro a comentar