A história do Brasil no Oscar é marcada por momentos de reconhecimento e, ao mesmo tempo, frustração. Em 1999, o país esteve mais perto do que nunca de conquistar a tão cobiçada estatueta, mas uma campanha nos bastidores de Hollywood impediu que isso acontecesse. O nome em destaque era Fernanda Montenegro, indicada na categoria de Melhor Atriz por sua atuação em Central do Brasil, um dos filmes brasileiros mais aclamados de todos os tempos.
A cerimônia daquele ano ficou marcada por uma das decisões mais controversas da história do prêmio. Montenegro era a favorita, recebendo apoio da crítica internacional e conquistando prêmios prestigiados como o Urso de Prata no Festival de Berlim. No entanto, a vitória acabou indo para Gwyneth Paltrow, por sua atuação em Shakespeare Apaixonado, um filme promovido agressivamente pelo estúdio Miramax, comandado por Harvey Weinstein.
Anos depois, foi revelado que Weinstein utilizava estratégias duvidosas para garantir vitórias no Oscar, incluindo campanhas publicitárias agressivas, pressão sobre jornalistas e eventos com membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. O produtor chegou a organizar jantares para influenciar votos, além de espalhar materiais promocionais em toda Los Angeles. O mesmo esquema que garantiu a vitória de Shakespeare Apaixonado como Melhor Filme, passando até por cima de O Resgate do Soldado Ryan, também influenciou a escolha de Melhor Atriz, impedindo que Montenegro fizesse história como a primeira latino-americana a levar o prêmio.
Apesar da derrota, Central do Brasil se tornou um marco do cinema nacional e consolidou Fernanda Montenegro como uma das maiores atrizes do mundo. Agora, 25 anos depois, o Brasil tem uma nova chance de redenção com o filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, o mesmo responsável por Central do Brasil. A produção concorre a Melhor Filme Internacional e, ironicamente, coloca Fernanda Torres, filha de Montenegro, na disputa pelo Oscar de Melhor Atriz.
O destino parece oferecer uma segunda oportunidade ao Brasil. Será que agora, após tantos anos, uma Fernanda finalmente trará a estatueta para casa?
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