Em 2004, a Warner Bros. fez uma adaptação para os cinemas da Mulher-Gato, com Halle Berry interpretando a protagonista. A Fox e a Marvel lançaram, no ano seguinte, Elektra, estrelado por Jennifer Garner. Os dois filmes foram um fracasso, financeiramente e criticamente. Era uma prova de que filmes de super-heroínas não eram nem um pouco rentáveis. Mas o jogo mudou com Mulher-Maravilha.
Sim, a mudança pode ser apenas temporária, mas é quase certeza que deve se tornar permanente. Ainda não é possível saber o impacto do filme, mas as razões por trás de seu sucesso são claras: é um bom filme de ação, dirigido por uma diretora competente, e estrelado por uma atriz, Gal Gadot, que fez bom uso do heroísmo, carisma e coração na sua interpretação da heroína. E tudo isso teve o suporte de um ótimo roteiro, que fez uma bela homenagem à princesa amazona, enquanto que também abordou alguns problemas contemporâneos. Como resultado, o filme teve a aprovação do público e da crítica.
O sucesso de Mulher-Maravilha, certamente, irá impactar o futuro dos filmes do Universo Estendido da DC (UEDC), mas também pode influenciar os demais filmes de super-heróis em Hollywood. E quem pode aprender com o longa é a talentosa equipe por trás dos filmes do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), a maior rival da DC.
Afinal, o que a Marvel pode aprender com o filme da Mulher-Maravilha?
A Viúva Negra
Se há algo que a Marvel pode considerar depois disso é fazer um filme solo da Viúva Negra. A atriz Scarlett Johansson já provou ser capaz de estrelar um filme de ação, e sua personagem se tornou uma jogadora importante dos filmes do UCM desde que foi introduzida, em Homem de Ferro 2. É uma pena ver que a Marvel nunca correu atrás de um filme da espiã, que abordaria uma temática que seria interessante e nova nos filmes do estúdio, que costumam seguir uma fórmula, bem como fazer concorrência a Mulher-Maravilha.
Se há algo que ajudou Mulher-Maravilha a se destacar, e é um ponto forte da DC em relação a Marvel, é que a Warner Bros. permite uma autonomia maior aos seus diretores e equipes criativas, enquanto que a Disney/Marvel não permite tal nível de liberdade. Por exemplo, O Homem de Aço e Batman vs Superman são filmes de Zack Snyder, Esquadrão Suicida é de David Ayer e Mulher-Maravilha, de Patty Jenkins. Já os responsáveis pela direção dos longas da Marvel precisa seguir uma fórmula, e há pouco espaço para trabalhar a criatividade e imaginação.
Homem-Formiga e a Vespa
O primeiro filme de “risco” da Marvel foi Homem-Formiga, lançado em 2015, mas que foi um sucesso. Tanto que em 2018, a sequência, Homem-Formiga e a Vespa, chegará aos cinemas. A atriz Evangeline Lilly foi introduzida como Hope Van Dyne no longa, e os fãs foram a loucura ao ver uma rápida aparição do traje da Vespa. E a inclusão da personagem, ao lado do Homem-Formiga foi um ótimo negócio para o UCM.
Hope Van Dyne mostrou ser uma mulher capaz e boa de briga, que era membro da empresa de seu pai, treinou Scott Lang, e teve um papel importante na hora de derrotar o vilão, Darren Cross. Em outras palavras, Hope é poderosa, e irá herdar uma avançada tecnologia para poder lutar. A Mulher-Maravilha de Gal Gadot pode ser essencial para mostrar a Marvel que os fãs desejam ver mulheres fortes e empoderadas vestidas como super-heroínas. E Hope van Dyne seria uma boa escolha.
Outro ponto interessante do enredo de Mulher-Maravilha era o relacionamento de Diana com sua mãe, a Rainha Hipólita, que é bom, mas não houve resolução ao conflito das duas (que pode ser solucionado na sequência). Homem-Formiga e a Vespa poderia abordar algo semelhante, pois Hope irá herdar o uniforme de sua mãe, Janet van Dyne, que se sacrificou para desarmar um míssil soviético. Adicionaria certo drama para a sequência.
Capitã Marvel
Esse talvez seja o primeiro filme a se considerar para entender o efeito que Mulher-Maravilha terá nos demais filmes estrelados por heroínas. É claro que comparações entre os dois filmes serão inevitáveis, mas não há motivo para colocar Gal Gadot contra Brie Larson, ou a diretora Petty Jenkins contra Anna Boden. Mas é praticamente certeza que Capitã Marvel está prestando atenção a Mulher-Maravilha, como forma de analisar o que o UEDC fez para o título ter se tornado rentável.
Carol Danvers pode não ter a mesma história da Mulher-Maravilha nos quadrinhos, mas ela é considerada a principal heroína da Marvel. Ela também possui um pano de fundo social, pois surgiu em uma época na qual as mulheres aumentaram sua consciência e lutaram por sua identidade. É seguro dizer que a Capitã Marvel é um símbolo dos direitos e do empoderamento feminino, e Brie Larson é a escolha perfeita para esse papel.
Não é possível saber até que ponto Larson poderá estudar a atuação de Gadot, mas com certeza, não será nada muito sério, apesar de toda a rivalidade que cerca o UEDC e o UCM. Os poderes da Mulher-Maravilha e da Capitã Marvel são comparáveis, e suas origens são bem semelhantes, mas suas personalidades são um pouco diferentes.
Na Guerra Civil dos quadrinhos, a Capitã Marvel ficou ao lado de Tony Stark/Homem de Ferro, que era a favor do Ato de Registro de Super-humanos. Já em Guerra Civil II, ela se mostrou favorável à ideia de utilizar precognição para salvar a Terra. Não sabemos onde uma heroína, que luta pelo amor e pela paz, se encaixaria em uma história desse tipo, mas pra dizer a verdade, não sabemos se esses fatos estarão presentes no filme da Capitã Marvel.
Além disso, ainda não temos ideia se a Capitã Marvel será introduzida antes de seu filme solo, já que ela foi uma parte importante dos Vingadores nos últimos anos. Da mesma forma que a Mulher-Maravilha foi apresentada de uma maneira em que roubou a cena, no momento mais importante de Batman vs Superman, a Capitã Marvel poderia fazer algo semelhante. Ainda não há confirmação oficial, mas seria ótimo vê-la debutar nas telonas antes de 8 de março de 2019.
Por fim, não leve isso como uma futura disputa entre Mulher-Maravilha e Capitã Marvel. É muito mais interessante e importante ver como que o UEDC, o UCM e Hollywood, no geral, irão produzir novos filmes de qualidade que são estrelados por super-heroínas.
Texto adaptado do artigo de Dave Trumbore, para o site Collider
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