Pain é um dos personagens mais emblemáticos de Naruto, para não dizer que é um dos mais emblemáticos de todos os animes. O peso, a construção, o desenvolvimento e o impacto dele na obra são algo ímpar.
Um dos artifícios que compunham sua aura sinistra e, ao mesmo tempo, divina, é sua música tema: Girei (Ritual). Quando essa música tocava, a expectativa de todo mundo que assistia mudava e o anime capturava a atenção de qualquer um.
E é muito comum uma versão em inglês da música, mas a única versão oficial da letra é em japonês, composta por Yasuharu Takanashi, autor de inúmeras músicas da série.
O que fala a música, afinal?
A música tema do Pain ou Nagato se chama “Girei”, que significa “cerimônia”. Isso continua ao longo da música, mas já remete à ideia de um culto religioso, o que casa com o fato de o Pain ser reverenciado como um deus e sua amiga e fundadora da Akatsuki ser a Konan, o anjo.
Ela começa com: “Olhos dos seis caminhos.” O que remete ao rinnegan, o olho do Hagoromo, o sábio dos seis caminhos e também, justamente, ao ciclo de morte e reencarnação do budismo, o samsara! O mesmo conceito que inspira os 6 poderes do Rinnegan, os seis caminhos: Deva, Asura, Manusya, Animal, Preta e Naraca.
Em seguida vem: “Meu irmão mais velho.” O que, provavelmente, se refere ao Yahiko, o irmão mais velho de criação de Nagato, quem teve o corpo usado para se transformar em Pain e quem morreu na emboscada de Hanzo na 2ª Guerra Mundial Ninja, a tragédia que despertou o poder do Nagato e foi o pontapé para a radicalização da Akatsuki.
Depois temos: “Mãos da cerimônia.” O que, como o próprio título da canção, remete ao caráter religioso e/ou profano que tematiza o personagem. Ele é deus, mas é o deus da dor. Ele busca a paz, mas é o líder do grupo terrorista mais poderoso do mundo.
O que faz sentido com a forma como a música termina: “Isto é o que eu sou. Dor!” Ou seja, a música é o tema que celebra o culto em homenagem ao único deus verdadeiro deste mundo, a própria dor (Pain).
Yahiko foi um dos que fizeram parte do ciclo de morte e reencarnação do samsara, uma vítima da força da guerra que destrói a todos. Sendo assim, o Nagato olhou para o céu e viu que não tinha ninguém, nenhum deus e que, para ele, a máxima do mundo, a única verdade absoluta à qual todos estão submetidos é justamente a dor. Não tendo ninguém no céu, ele se lançou lá e se tornou deus da única constante do mundo e o encarregado da cerimônia que vai destruir o ciclo.
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