A Marvel Comics está se preparando para encerrar oficialmente o Universo Ultimate, uma das iniciativas mais ousadas e influentes da editora nas últimas décadas. Criado em 2000, o selo apresentou uma nova geração de heróis em um contexto moderno, reformulando ícones como o Homem-Aranha, X-Men e Vingadores para novos leitores. Agora, mais de vinte anos depois, a editora decidiu colocar um ponto final definitivo nesse universo — com a chegada de ‘Ultimate Endgame’.

Reprodução/Marvel Comics
O fim de uma era moderna
O Universo Ultimate nasceu como uma tentativa da Marvel de modernizar seus personagens sem se prender à longa continuidade do universo principal (Terra-616). A proposta funcionou: as versões atualizadas de heróis clássicos conquistaram leitores e inspiraram adaptações cinematográficas, especialmente o Homem-Aranha de Miles Morales e o Nick Fury interpretado por Samuel L. Jackson no MCU.
Contudo, após anos de sucesso, o selo perdeu força e foi encerrado em 2015. Em 2023, a Marvel tentou reviver o conceito com uma nova linha de HQs, liderada por alguns dos maiores nomes da editora. Essa nova encarnação, mais contida e coesa, prometia durar dois anos — e agora chega ao seu desfecho planejado.
A decisão de encerrar o projeto com ‘Ultimate Endgame’ surpreendeu os fãs. Embora muitos esperassem que a editora prolongasse a iniciativa, a escolha por dar um final definido ao universo paralelo representa um passo raro e significativo na atual filosofia da Marvel.
O valor de uma história que termina
Os leitores de quadrinhos estão acostumados a reboots, relançamentos e ciclos infinitos de sagas. No entanto, o encerramento do Ultimate Universe pode sinalizar uma mudança importante. Como aponta a discussão entre fãs e críticos, as melhores histórias têm um fim.

Reprodução/Marvel Comics
A DC Comics, por exemplo, possui diversos títulos aclamados justamente por serem histórias fechadas — como ‘All-Star Superman’, de Grant Morrison e Frank Quitely. Esses arcos possuem começo, meio e fim, permitindo uma experiência completa e memorável.
A Marvel, por outro lado, raramente permite que seus grandes títulos terminem de forma definitiva. Sempre há uma nova fase, um novo número #1 ou uma retomada para impulsionar vendas. Com o fim do Universo Ultimate, a editora tem a chance de mostrar que também sabe encerrar histórias com dignidade, sem precisar esgotar suas ideias.
Um modelo para o futuro
O primeiro Universo Ultimate foi um fenômeno, mas também um exemplo do perigo de prolongar demais uma boa ideia. A linha começou forte, mas acabou perdendo identidade e relevância com o tempo. O novo Ultimate corrige parte desses erros, com narrativas mais contidas e foco em qualidade — e encerrar no auge pode ser justamente o que faltava à Marvel.
Ainda assim, muitos leitores permanecem céticos. A editora é conhecida por seus relançamentos recorrentes, e há quem acredite que esse “fim” pode ser apenas um prelúdio para um novo recomeço em breve.
Seja como for, ‘Ultimate Endgame’ representa um marco simbólico. Mais do que encerrar um universo alternativo, a Marvel pode estar prestes a redescobrir algo que há muito tempo ficou perdido entre sagas intermináveis: o poder de contar uma boa história — e saber a hora certa de encerrá-la.






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