O nome Hideki Kamiya já é sinônimo de criatividade e ousadia dentro da indústria dos games. Diretor e criador de títulos marcantes como Devil May Cry, Resident Evil 2 e Bayonetta, ele agora está focado em um projeto aguardado há anos: a sequência de Okami, jogo cultuado lançado originalmente em 2006.
Em entrevista recente, Kamiya explicou que a forma como os fãs reagiram aos jogos de Bayonetta teve um impacto direto em como ele está conduzindo Okami 2. Segundo o desenvolvedor, trabalhar em uma sequência traz uma responsabilidade completamente diferente de criar uma franquia nova.
A lição aprendida com Bayonetta
Kamiya contou que, mesmo não sendo o diretor direto de Bayonetta 2, 3 e Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon, ele supervisionou a produção de todos. O que mais chamou sua atenção foi como as expectativas do público cresceram a cada lançamento.
“As ideias dos fãs sobre o que era Bayonetta e sobre o que uma sequência deveria ser se tornaram cada vez mais fortes. Isso acabou criando uma diferença entre o que nós, no estúdio, queríamos desenvolver e o que os jogadores esperavam encontrar”, revelou.
Ele destacou que a recepção de Bayonetta 3, em especial, foi um ponto que o fez refletir sobre como lidar com expectativas x visão criativa em novos projetos.
Okami 2: Um desafio diferente
Ao falar sobre Okami 2, Kamiya deixou claro que não pretende “bater de frente” com os fãs. Pelo contrário: ele quer encontrar um equilíbrio saudável entre atender expectativas e explorar novas ideias.
“É uma experiência muito diferente de criar um título original. Mas posso dizer que está sendo extremamente divertido. Só pelo clima do estúdio, dá para perceber que toda a equipe está animada com o que estamos fazendo”, afirmou.
Esse clima positivo está acontecendo no Clovers Studio, novo estúdio fundado por Kamiya em parceria com a Capcom, que ainda detém os direitos da franquia Okami.
O futuro de Bayonetta e o adeus à PlatinumGames
Kamiya deixou a PlatinumGames em outubro de 2023, decisão que, segundo ele, foi tomada após “muita reflexão pessoal”. Apesar disso, ele afirmou acreditar que a franquia Bayonetta continuará existindo, mesmo sem sua supervisão direta.
Em um desabafo sincero, o criador contou que sua ideia era transformar Bayonetta em uma “saga de nove episódios”, mas reconheceu que talvez nunca consiga realizar esse sonho.
“É uma pena. Não sou dono da IP, mas acredito que quem está no controle vai continuar a franquia. Só que a visão completa que eu tinha talvez tenha que ir para o túmulo comigo”, disse.
O peso da expectativa dos fãs
A fala de Kamiya reforça um ponto muito importante dentro da indústria dos games: como equilibrar o desejo dos fãs por novidades com a necessidade criativa dos estúdios. Muitas vezes, sequências acabam sendo reféns daquilo que o público espera, e isso pode engessar a liberdade artística dos criadores.
No caso de Okami 2, a expectativa é gigantesca. O primeiro jogo se tornou cultuado por seu estilo artístico inspirado em pinturas japonesas e pela jogabilidade única, que usava o pincel celestial para interagir com o mundo. Agora, resta saber se Kamiya conseguirá repetir essa mágica, mas com um olhar atualizado e consciente do peso da nostalgia.
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