Onde foi que o anime Uzumaki falhou?

Melo

Onde foi que o anime Uzumaki falhou?

Uzumaki chegou ao fim, e agora é o momento de analisar o que deu errado, o que funcionou e o que poderia ter sido feito para salvar essa tão esperada adaptação do mangá de Junji Ito. Lançado pela Adult Swim e produzido pelo Studio Drive, o anime gerou muitas expectativas, especialmente por ser uma obra de um dos maiores mestres do terror. No entanto, a série de quatro episódios falhou em corresponder ao “hype” que a cercava. Com o Halloween se aproximando, é o momento ideal para dissecar o que aconteceu com essa produção.

Uzumaki é amplamente considerado uma das maiores obras de Junji Ito. A história acompanha uma cidade amaldiçoada por uma obsessão com espirais, onde fenômenos bizarros, como pessoas se transformando em caracóis, tornam-se corriqueiros. O mangá original é conhecido por sua capacidade de provocar arrepios com o uso de uma arte detalhada e um clima opressor. Contudo, a adaptação animada não conseguiu transmitir a mesma intensidade, especialmente devido a problemas de qualidade de animação.

O maior problema na adaptação foi a variação na qualidade da animação ao longo dos episódios. Enquanto o episódio de estreia atendeu às expectativas, os episódios subsequentes rapidamente perderam força. Imagens do segundo episódio chegaram a viralizar por sua qualidade inferior, um contraste marcante com o primeiro. De acordo com Jason DeMarco, produtor executivo da série, houve dificuldades significativas nos bastidores, incluindo mudanças para garantir que a série fosse lançada após anos de produção.

O ritmo da série também foi um fator que prejudicou a adaptação. O terceiro episódio, em particular, falhou ao tentar condensar muito conteúdo em pouco tempo, comprometendo o impacto emocional e a construção do terror que são tão bem desenvolvidos no mangá. Personagens e histórias que deveriam ser aterrorizantes, como Mitsuru Yamaguchi em sua transformação no “Jack in the Box”, foram apressados de forma que a tensão necessária foi perdida.


Embora seja difícil apontar soluções concretas para um projeto que já passou por um longo processo de produção, opções como a criação de mais episódios ou até mesmo o lançamento apenas do primeiro episódio poderiam ter mantido a qualidade alta e evitado as críticas negativas. Mesmo com esses problemas, a adaptação conseguiu capturar alguns momentos de terror genuíno, como a história das grávidas sedentas por sangue no terceiro episódio, além da trilha sonora de Colin Stetson, que foi elogiada.

Apesar das falhas, Uzumaki ainda destaca por que Junji Ito é considerado um mestre do terror, e é importante que mais adaptações de suas obras continuem sendo feitas. O primeiro episódio mostrou que é possível traduzir o estilo de Ito para a tela. Embora essa adaptação não tenha sido a obra-prima que muitos esperavam, ela serve como um aprendizado para futuras tentativas de fazer justiça ao legado de Junji Ito no mundo do anime.

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