A nova temporada de One Punch Man segue repercutindo negativamente entre fãs e profissionais do setor. Após a estreia dos episódios mais recentes, espectadores passaram a apontar problemas severos de animação, erros de continuidade e escolhas de produção que afetaram diretamente trechos decisivos da adaptação do mangá de ONE e Yusuke Murata.
Lançado originalmente em 2015, o anime conquistou elogios pelo trabalho do Studio Madhouse, que conseguiu transformar o traço altamente detalhado de Murata em cenas fluidas e marcantes. A mudança para o estúdio J.C. Staff, iniciada na segunda temporada, deu início à queda de qualidade que agora atinge seu ponto mais crítico.
Críticas aumentam com episódios de baixa qualidade visual
Desde o episódio de estreia, espectadores relataram uso excessivo de quadros estáticos, animação considerada limitada e cenas sem movimento. A situação se agravou com exibições posteriores, como o momento em que Garou desliza por um morro como se fosse uma imagem parada, e especialmente com o sexto episódio, que recebeu nota 2,7/10 no IMDb, tornando-se o episódio de anime com pior avaliação da plataforma.
Fãs também têm citado o termo irônico “One Frame Man”, em referência ao uso mínimo de quadros por segundo em cenas que deveriam ser dinâmicas. A crítica aumenta pelo fato de a temporada adaptar uma das fases mais importantes e visualmente impressionantes do mangá.
Outro ponto levantado foi a troca acidental de gênero na animação de King the Ripper, que aparece com corpo feminino em diversos quadros, apesar de ser um personagem masculino. O erro gerou discussão sobre falhas no processo de revisão.
Ritmo problemático e decisões de adaptação comprometem narrativa
Além da parte técnica, a temporada enfrenta críticas sobre pacing e escolhas de roteiro. Capítulos longos do mangá foram adaptados sem cortes estratégicos, resultando em episódios considerados arrastados. Especialistas apontam falhas no storyboard, que teria prejudicado a construção de tensão — elemento essencial em arcos mais densos da obra.
Especialistas defendem J.C. Staff e apontam falhas no sistema de comitês
Apesar das críticas concentradas no estúdio responsável pela animação, animadores veteranos afirmam que a raiz do problema pode ser mais profunda. O animador de One Piece, Vincent Chansard, comentou que culpar exclusivamente o estúdio ignora fatores estruturais da indústria.
Segundo ele, as decisões sobre prazos, orçamento e volume de trabalho partem dos comitês de produção — grupos de investidores que definem os cronogramas. Isso significa que, mesmo com equipes talentosas, a qualidade pode ser comprometida quando o cronograma é acelerado.
Chansard descreveu a situação como um problema sistêmico: estúdios recebem a demanda e precisam entregar o produto em condições restritas. Em 2019, por exemplo, o J.C. Staff trabalhava simultaneamente em oito produções, ritmo que torna difícil manter consistência em todos os projetos.
Parte da insatisfação também foi direcionada ao diretor da temporada, Shinpei Nagai, cuja experiência anterior inclui trabalhos para produções de conteúdo adulto. Alguns fãs interpretaram isso como sinal de inadequação, mas profissionais do setor ressaltam que diversos nomes consagrados passaram por caminhos semelhantes no início da carreira.
A avaliação do diretor, segundo especialistas, deve levar em conta as condições de produção, e não apenas seu histórico.
Futuro de One Punch Man segue incerto diante da repercussão
Com a recepção negativa da terceira temporada, fãs demonstram preocupação sobre o futuro da obra em formato animado. Apesar da qualidade do material original e da relevância da franquia, a produção atual tem sido vista como um reflexo de um problema maior: a pressão industrial por velocidade, acima da precisão artística.
Enquanto isso, leitores do mangá continuam acompanhando a saga de Saitama nas páginas de Murata, aguardando que futuras adaptações possam retomar o padrão que tornou One Punch Man um fenômeno mundial.
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