Os anos perdidos de Paul McCartney após o fim dos Beatles

Cheyna Corrêa (Texto: William Prado)

Os anos perdidos de Paul McCartney após o fim dos Beatles
Paul McCartney em Londres, 1973 - Foto: Michael Putland/Getty Images

O lendário músico Paul McCartney relembrou um dos períodos mais sombrios de sua vida: os anos que se seguiram ao fim dos Beatles. Em um trecho de seu novo livro, publicado pelo The Guardian, o cantor revelou como enfrentou depressão, isolamento e dúvidas profundas sobre seu futuro após o término da banda mais influente da história.

“O mundo dizia que eu estava morto — e, de muitas maneiras, eu realmente estava”, escreveu McCartney. “Um jovem de 27 anos prestes a deixar os Beatles, afogado em um mar de disputas legais e pessoais que drenavam minha energia, precisando de uma transformação completa de vida.”

O colapso dos Fab Four

O fim dos Beatles — formados por McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr — foi oficializado em 1970, após anos de tensões criativas e divergências internas. Na época, McCartney anunciou publicamente que “não queria mais gravar nem compor com Lennon”, segundo o New York Times.

Entre os motivos apontados para a separação estavam o desejo de Lennon de deixar o grupo, impulsionado por seu relacionamento com Yoko Ono, e a morte do empresário Brian Epstein, em 1967, que abalou o equilíbrio da banda.

Recomeço em meio ao isolamento

Com o colapso do quarteto, McCartney buscou refúgio ao lado da esposa Linda McCartney e dos filhos em uma fazenda na Escócia, onde viveu um período de reclusão e reinvenção pessoal.

Longe dos holofotes, ele trocou os palcos por atividades simples do campo: cortava sua própria árvore de Natal, construía pisos de cimento e tosquiava ovelhas.

Tive grande satisfação em aprender a fazer todas essas coisas, em fazer um bom trabalho, em ser auto suficiente. Quando penso nisso hoje, percebo que o isolamento era exatamente o que precisávamos. Apesar das condições difíceis, o cenário escocês me deu tempo para criar. Ficava claro para nosso círculo íntimo que algo novo estava nascendo. O velho Paul já não era o novo Paul. Pela primeira vez em anos, eu me sentia livre, conduzindo minha própria vida.

Do silêncio à reinvenção

Esse período de introspecção acabou servindo como ponte para uma nova fase artística. Pouco tempo depois, McCartney voltaria ao estúdio para dar início ao projeto Wings, banda que fundou com Linda em 1970 e que consolidaria seu sucesso pós-Beatles, além de marcar o início de uma carreira solo consagrada.

O retorno do velho Beatle

O músico, que ajudou a criar a Beatlemania nos anos 1960 e levou o grupo ao sucesso mundial, viu sua jornada pessoal se transformar em um símbolo de renascimento e superação criativa.

Hoje, McCartney reconhece que os anos de isolamento foram fundamentais para redescobrir sua identidade artística e reconstruir sua confiança após a separação do grupo.

Seu novo livro, “Wings: The Story of a Band on the Run”, será lançado em 4 de novembro, revelando bastidores inéditos de sua trajetória após o fim dos Beatles e o processo de reconstrução de um artista que precisou morrer para renascer.

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