‘Os Donos do Jogo’ – Elenco fala sobre as inspirações por trás dos seus personagens

Cheyna Corrêa (Texto: Vinícius Miranda)

‘Os Donos do Jogo’ – Elenco fala sobre as inspirações por trás dos seus personagens
Divulgação/Netflix

A próxima série brasileira da Netflix, Os Donos do Jogo, está chegando. Com previsão de estreia para o dia 29 de outubro, a série aborda o Jogo do Bicho de uma forma nunca antes vista. 

Nós do Ei Nerd tivemos o privilégio de assistir os 3 primeiros episódios da série, além termos entrevistado parte do elenco. Em conversa com os atores André Lamoglia, Xamã, Juliana Paes, Chico Diaz, Giullia Buscacio e Mel Maia, conversamos um pouco sobre a inspiração por trás dos seus respectivos personagens.

Inspiração em pessoas reais?

Um caso interessante é sobre o personagem Búfalo, interpretado por Xamã. É dito que Búfalo é inspirado no contraventor da vida real chamado Bernardo Belo, que ganhou destaque em produções recentes como documentários envolvendo o Jogo do Bicho. Porém, apesar disso, Xamã afirma que não buscou inspiração no em Bernardo Belo ao encarnar o seu personagem:

Acho que não, pois as histórias são todas fictícias. Tudo na história foi muito criado (do zero). Eu trouxe referências, o que é engraçado, de fora (do Jogo do Bicho). Da minha família, de pessoas que falavam muito alto, trabalhavam com caminhão, obras e materiais de construção. O Búfalo fala dois tons acima do que é o normal. Muita impulsividade o tempo todo. Ele é ex-lutador, então ele acha que pode resolver tudo com os punhos. Eu tentei trazer essa impulsividade mais das minhas referências e uma coisa quase que animal dele. Não foi pensando em uma figura real não.

A atriz Giullia Buscacio, que interpreta Susana Guerra, também comenta sobre isso. Já que é dito que a sua personagem é inspirada em Tamara Garcia, filha do bicheiro Maninho e ex-esposa de Bernardo Belo. Sobre isso, ela diz o seguinte:

Acho que é muito comum que o público, a primeira lembrança que eles têm com duas mulheres em um jogo seja o de duas figuras muito conhecidas. Acho que existe um imaginário do público quanto a isso. De fato, a minha construção da Susana não foi em cima de nenhuma pessoa real conhecida do público, mas sim das circunstâncias da história. A Susana, ela tem na história dela, o fato de que ela quer ocupar o espaço que é dela por direito. Ela tem essa herança. Mas ao mesmo tempo ela não pode ocupar esse lugar porque ela precisa de um homem. Então a Susana escolheu jogar o jogo que é ter um parceiro do lado, que consequentemente foi o Búfalo, que é o personagem interpretado pelo Xamã, que é um personagem que ela conseguiu além de ter a parte profissional, ter também o pessoal. Que ela tem amor, ela tem tesão, é uma relação que existe química entre os dois. Então a minha construção foi muito mais em cima do enredo da história, das circunstâncias, do que de fato de uma figura muito conhecida.

Giullia ainda afirmou que, por mais que tenham figuras reais como Tamara Garcia que sejam bem conhecidas pelo público, muitas mulheres desconhecidas existiram nesse meio que podem servir de inspiração para suas personagens.

Eu sei que, pro público, as irmãs, tanto a Shana e a Tamara, são muito conhecidas. Porque acho que elas são as mais conhecidas do Bicho. Mas existem também outras mulheres que fizeram parte dessa história e que não são tão conhecidas quanto, mas que também poderiam ser inspirações. Só que acho que, nesse caso em específico, a gente teve que construir algo juntos aqui, no elenco. Óbvio que existem fatos que a gente fica sabendo, existe um estudo por trás de tudo do lifestyle do Rio, de como que o Jogo do Bicho no Rio de Janeiro (funciona), como que é essa história… Então existe, de fato, um estudo, mas inspiração mesmo, não foi inspirada.

Também perguntamos para o Chico Diaz, que interpreta o bicheiro Galego Fernandez, se ele se inspirou em algum bicheiro da vida real para a interpretação do seu personagem. O ator falou o seguinte.

Não. Confesso que não houve curiosidade de fazer algo calcado no real. Acho que a dramaturgia oferecida era o suficiente para a gente poder começar a poder elaborar o perfil do personagem. Eu acho que esse deslocamento do naturalismo e do realismo enriquece. Porque a gente vai para um patamar ficcional muito mais de possível elaboração. Então, claro que há as referências. Claro que isso está vivo no imaginário do povo carioca, do povo brasileiro. Mas você poder partir para uma criação original, a partir do que é dado pelo material dramatúrgico, me pareceu mais interessante. E foi.

Sobre o Jogo do Bicho em si, que é algo que existe até hoje na nossa realidade brasileira, perguntamos o quão eles precisaram mergulhar nesse mundo para poder encarnar os seus personagens.

A preparação já foi um estudo. Não só na parte textual, mas comportamental, figurino, luxo… A gente foi estudando e aprendendo muito, e trazendo as referências que a gente tinha e que a galera vinha trazendo pra gente. Então a gente estudava on e off. E é um elenco carioca, todo mundo do Rio. É uma história muito carioca, então por mais que você não estivesse tão inteirado, você já sabia do que se tratava.

André Lamoglia completou, dizendo:

É um mix de estudos. É o estudo que a gente tem que ter do roteiro, que é o que a gente se baseia. E um estudo também desse universo, para a gente saber como funciona esses códigos que tem nessa máfia carioca, juntar isso tudo para trazer a maior realidade pros personagens.

Como as coisas funcionam para o Profeta?

O protagonista da série, Profeta, interpretado por André Lamoglia, parece sempre estar com tudo sob controle. É o clássico personagem frio e calculista, que está sempre pensando vários passos à sua frente. Mas será que isso vai mudar para o personagem ao longo da trama? O ator comenta sobre isso.

Eu acho que as coisas vão dando muito certo, muito pelo fato de ele ser muito frio e calculista. Esse apelido, inclusive, é porque ele está sempre pensando duas casinhas mais à frente. Então ele está sempre se precavendo de tudo que pode acontecer. Então as coisas, mal ou bem, para quem se prepara vai dando certo. Só que chega um momento que as coisas começam a sair do controle dele também. É um universo que não depende só de você. É um universo muito familiar também. Então pode esperar que ele vai ter os problemas dele e ele vai ter que saber lidar com isso.

Um dos principais plots da trama será a relação entre Profeta e Mirna Guerra, personagem interpretada por Mel Maia. Perguntamos para a atriz como é essa relação entre os dois. Existe amor? Ou é algo puramente profissional em busca dos interesses de ambos? Sobre isso, ela disse o seguinte:

Com certeza existe um sentimento ali. Eu acho que, até um certo momento da série, ela recusa acreditar nisso porque ela realmente quer chegar aonde ela quer chegar sozinha. Porque ela pode, ela tem essa herança, ela tem esse poder. Mas “pode”, entre aspas, né? Ela tem todo o potencial, mas não pode por esse meio ser completamente machista. Mas com toda certeza o game dela é diferente do game da Susana (personagem de Giullia Buscacio). Como ela quer chegar lá no topo sozinha, super empoderada e poderosa e corajosa. Mas com certeza tem um sentimento ali. Pra ela estar com ele e chegar junto com ele é porque existe um sentimento..

Profeta vs. Búfalo: um antagonismo que vai além da trama

Algo que também observamos na série, e pedimos para os atores comentarem, foi sobre o quão os personagens Profeta e Búfalo parecem ser o completo oposto um do outro. De um lado, o personagem de André Lamoglia é frio e calculista, sempre pensando seus movimentos muito à frente. De outro, Búfalo é extremamente esquentado, não pensa antes de agir, e parece estar prestes a explodir diversas vezes. Os atores comentaram sobre isso.

É curioso que eles tenham o mesmo objetivo e, como você falou, têm personalidades diferentes. A luta de cada um para conseguir chegar aonde quer, que é na Cúpula, nessa elite carioca da contravenção, o caminho é o mesmo só que a luta é diferente. E é muito curioso porque a história tem uma reviravolta muito legal também entre esses dois personagens. Começa de uma maneira que o público é sempre muito consciente do que está acontecendo por trás dessa rivalidade. Só que chega uma hora que isso vem à tona e tem as consequências também. 

Mirna vs. Susana: teremos um embate de irmãs?

Da mesma forma que a série constrói um embate entre Profeta e Búfalo, um antagonismo entre as irmãs Mirna e Susana Guerra também é construído. Perguntamos para Giullia Buscacio e Mel Maia sobre o que podemos esperar desse possível embate.

Acho que pode esperar um embate sim, até porque é muito normal. Eu tenho irmã, a Mel também tem irmã. Acho que é muito normal, numa relação de irmandade, ter uns momentos de desavenças ali. Só que Mirna e Susana vão para um outro nível que envolve uma herança. Envolve um legado ali.  Então eu sinto que as duas têm uma faísca que o tempo todo pode, em algum momento, elas podem bater e se bicar uma com a outra. Mas eu acho essa relação muito interessante. Pra mim é uma das mais interessantes da história por essa dificuldade de odiar uma pessoa que você proporcionalmente ama. Porque você tem um laço sanguíneo ali que você não pode desfazer. Se você fizer algum mal a essa pessoa, pode te fazer mal também, porque no fundo você também ama. Será que elas vão ser capazes de fazer mal num nível muito absurdo uma com a outra? Eu não sei. Não sei até que ponto elas podem chegar pelo poder. Porque, de fato, existe uma ambição muito grande ali.

A dinâmica da família Fernandez

Um dos maiores destaques da série é a família Fernandez. Mais especificamente o casal Galego e Leila Fernandez. Conforme os eventos da série vão avançando, percebemos que cada um possui sua própria agenda. Quanto a isso, Juliana Paes comenta:

Esse é um casal realmente misterioso. Mas eu acho que eles permanecem juntos, justamente, por isso. Porque têm agendas diferentes. Eles sabem que têm essas agendas diferentes. Não se importam com a agenda um do outro, contanto que não atrapalhe a própria. E o jogo tá posto assim, entre eles. Interessante ver esse jogo entre um casal. Mas ao mesmo tempo, para a personagem Leila, que é uma mulher no meio desse universo tão machista e tão patriarcal, ter esse range de ação, esse poder de atuar, de fazer o que quer, de andar nesse tabuleiro de xadrez, pra mim foi muito gostoso de fazer.

A série vai estrear no dia 29 de outubro, exclusivamente na Netflix.

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