Oscar Isaac fala sobre versão “latino-americana” de ‘Frankenstein’, de Guillermo del Toro

Cheyna Corrêa (Texto: William Prado)

O ator Oscar Isaac revelou detalhes fascinantes sobre sua experiência ao interpretar Victor Frankenstein na aguardada releitura do clássico dirigida por Guillermo del Toro. Em entrevista ao Variety Awards Circuit Podcast, Isaac descreveu o papel como “um dos mais prazerosos e desafiadores” de sua carreira — mesmo sendo um personagem tomado por obsessão e tragédia.

Eu não esperava que interpretar esse personagem fosse tão divertido e alegre. É um sujeito com muita raiva e dor, mas, de alguma forma, me diverti muito fazendo isso.

Um Frankenstein “latino-americano” e emocional

Isaac explicou que o filme traz o que ele e del Toro chamam de uma “versão latino-americana” da história — uma adaptação movida mais pela emoção e desejo do que pela lógica científica.

“Guillermo e eu falamos sobre ele ser mais um artista do que um cientista. Ele se move como um músico — como Prince ou Jimi Hendrix, disse o ator, que usou cabelos longos e figurinos inspirados nos astros do rock dos anos 1960.

O visual de Victor Frankenstein foi criado pela figurinista Kate Hawley, e exigiu oito meses de preparação e 105 dias de filmagem. Isaac contou que o processo o fez mergulhar profundamente na psique do personagem:

É uma história que ele está contando sobre si mesmo. Nem tudo é fato, mas tudo é verdade — porque é o que ele sente.

Relações e simbolismos

Um dos elementos mais simbólicos do filme é a presença de Mia Goth em papéis duplos — como a mãe de Victor e como Elizabeth, sua amada.

“Para Victor, é a única mulher que ele já viu”, explicou Isaac. “Ele ficou emocionalmente preso aos 12 anos, quando perdeu a mãe. Criar o monstro é, na verdade, uma tentativa de ressuscitar sua própria criança ferida.”

Segundo o ator, o filme retrata o confronto de Victor com esse “filho renascido”, numa busca por perdão e autodestruição.

Um desempenho “operático”

Del Toro orientou Isaac a abandonar o naturalismo tradicional e adotar um tom quase operático, inspirado em arquétipos junguianos.

Guillermo me disse logo no início: ‘Isso não é uma atuação naturalista. Victor é um arquétipo — o instinto puro, o id em descontrole.’

O ator descreveu a experiência como uma das mais técnicas e emocionais de sua carreira.

Há algo elementar nele. Ele não tem dúvidas, segue o impulso até o limite.

A conexão com Guillermo del Toro

Isaac contou que trabalhar com o cineasta mexicano foi como “encontrar um parente perdido”.

Fazer um filme com Guillermo é como fazer um filme com o meu tío. Desde então, não passa um dia sem que a gente se fale.

Essa parceria mudou a forma como o ator escolhe seus próximos projetos:

Hoje, não basta um bom roteiro ou personagem. Eu penso: com quem vou dividir a vida nesse processo? Com quem vou deixar minha família para trabalhar?

Um Frankenstein com alma e ritmo

Para Oscar Isaac, ‘Frankenstein’ de del Toro é uma obra movida por paixão, arte e humanidade, um olhar “punk-rock” sobre a literatura romântica.

É a história de um homem dominado pelo desejo e pela dor — mas contada com o coração. É um Frankenstein emocional, latino e profundamente humano.

O filme, produzido pela Netflix, traz ainda Jacob Elordi, Christoph Waltz e Mia Goth no elenco, e promete ser uma das adaptações mais ousadas e sensíveis já feitas da obra de Mary Shelley.

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