A Paramount Skydance formalizou nesta segunda-feira (8) uma oferta hostil de US$ 108,4 bilhões para adquirir a Warner Bros Discovery, em um novo movimento para tentar superar a Netflix e consolidar um conglomerado de mídia capaz de competir diretamente com a gigante do streaming.
Na última sexta-feira (5), a Netflix havia vencido uma disputa que se estendeu por semanas contra a Paramount e a Comcast, garantindo um acordo de US$ 72 bilhões pelos ativos de TV, cinema e streaming da Warner Bros Discovery. A nova investida da Paramount indica que a disputa pelos ativos reunidos na HBO e na DC Comics ainda está longe de terminar.
A Paramount afirmou que sua proposta de US$ 30 por ação, totalmente em dinheiro, representa uma alternativa superior ao pacote oferecido pela Netflix, garantindo US$ 18 bilhões a mais aos acionistas e um caminho considerado mais favorável para a aprovação regulatória. Segundo a empresa, a fusão criaria benefícios para o setor criativo, para as salas de cinema e para o público, ampliando a concorrência.
O presidente-executivo da Paramount, David Ellison, declarou em comunicado:
“Acreditamos que nossa oferta criará uma Hollywood mais forte.”
A proposta da Netflix inclui uma taxa de rescisão de US$ 5,8 bilhões e pode enfrentar forte escrutínio antitruste. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou publicamente sobre o acordo no fim de semana, enquanto legisladores de ambos os partidos e sindicatos de Hollywood manifestaram preocupação sobre possíveis cortes de empregos e impactos ao consumidor.
No mercado financeiro, a reação foi imediata: as ações da Paramount subiram 3,7%, enquanto a Warner Bros Discovery avançou 6,7%. As ações da Netflix recuaram 3,6%.
Disputa se intensifica
Apesar da ofensiva, a Paramount também pode enfrentar desafios. Uma fusão entre Paramount e Warner Bros criaria uma operação com grande concentração no setor de estúdios, cenário que gera receio sobre potenciais perdas de emprego em um mercado que já passa por forte consolidação.
Fontes haviam informado anteriormente que a Paramount elevou sua oferta para US$ 30 por ação na semana anterior, mas que o conselho da Warner Bros Discovery demonstrava dúvidas sobre o financiamento do acordo.
A empresa afirmou aos acionistas que apresentou seis propostas ao longo de doze semanas, mas que a Warner Bros Discovery “não se envolveu de forma significativa” durante o processo. O valor oferecido representa um prêmio de 139% sobre o preço das ações da companhia e supera os US$ 27,75 propostos pela Netflix.
O analista da eMarketer, Ross Benes, avaliou:
“A aquisição da Warner Bros Discovery está longe de terminar. A Netflix está na posição de liderança, mas haverá reviravoltas antes da conclusão. A Paramount buscará apoio entre acionistas, reguladores e políticos para tentar impedir a Netflix. A disputa deve continuar.”
Desde setembro, a Paramount apresentou múltiplas propostas para unir forças com a Warner Bros Discovery, argumentando que a combinação entre o Paramount+ e o HBO Max criaria um concorrente relevante para serviços como Netflix, Amazon Prime Video e Disney+. A empresa reafirmou ainda seu compromisso com o lançamento de filmes nos cinemas caso a fusão seja concretizada.
A Paramount também enviou uma carta à Warner Bros questionando o processo de venda, alegando que a empresa abandonou um leilão justo e favoreceu a Netflix. Segundo relatos, executivos da Warner Bros teriam caracterizado o acordo com a Netflix como “um caminho fácil”, além de terem se posicionado negativamente sobre a oferta da Paramount.
Acusações de favorecimento
Em entrevista à CNBC, David Ellison afirmou que há um “viés inerente” contra a Paramount no processo.
Segundo ele:
“Seremos o maior investidor nesse negócio. Estamos aqui porque estamos defendendo nossos acionistas e também os acionistas da Warner Bros Discovery.”
Especialistas do setor avaliam a Paramount como uma candidata forte, impulsionada pelo apoio financeiro de Larry Ellison, cofundador da Oracle e uma das maiores fortunas do mundo, que mantém laços próximos com o governo Trump.
Analistas da Morningstar alertam que a fusão criaria uma grande sobreposição de ativos e poderia reduzir a receita combinada de streaming, a menos que a Netflix aumente seus preços ou mantenha plataformas separadas — algo considerado improvável.
Buscando aliviar preocupações antitruste, o co-CEO da Netflix, Ted Sarandos, afirmou que o acordo trará benefícios para consumidores, acionistas e talentos, destacando que a empresa está “altamente confiante” no processo regulatório.
De acordo com analistas, o interesse da Netflix está ligado ao controle direto e de longo prazo sobre propriedades intelectuais de grande peso, além de reduzir dependências externas à medida que avança em jogos, eventos ao vivo e produtos de consumo. O amplo catálogo da Warner Bros Discovery poderia fornecer impulso imediato para suas estratégias futuras.





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