Por Cheyna Corrêa
No Universo Cinematográfico Marvel, as adaptações dos vilões dos quadrinhos frequentemente passam por rabiscadas que “nerfam” seus poderes, criando versões que se encaixam melhor no equilíbrio dos filmes – e, felizmente, para os heróis, muitos desses poderes extraordinários foram deixados de lado. A seguir, exploramos alguns exemplos notáveis de como esses personagens ficaram aquém do potencial mostrado nos quadrinhos e quais seriam os efeitos se tivessem seu poder integral liberado.
Ajustes e Nerfs nos Poderes Clássicos
A vilã Hela, por exemplo, demonstrou sua força com uma presença intimidadora e foi capaz de colocar o próprio Thor em maus lençóis, mas nos quadrinhos ela possui um dos ataques mais devastadores: a Mão da Glória. Esse golpe, que acumula energia mágica de forma extraordinária para derrubar até Odin, foi deliberadamente deixado de lado no UCM, resultando em uma ameaça poderosa porém não absolutamente imparável. Da mesma forma, o Abutre no cinema é retratado como um vilão tecnológico com um traje feito dos destroços da tecnologia Chitauri; nos quadrinhos, porém, o personagem, interpretado por Adrian Toomes, utiliza um traje que lhe permite absorver vitalidade e manter um nível de superforça muito mais elevado, tornando-o um adversário muito mais temível para o Homem-Aranha.
Quanto ao Ulysses Klaw, a adaptação cinematográfica o apresentou como um mercenário armado com um braço mecânico, enquanto que, nas páginas dos quadrinhos, seu corpo é composto de som sólido – fato que o torna não só mais forte e veloz, mas também intangível quando assim desejar, permitindo-lhe lançar ondas sônicas capazes de derrubar construções. Esses ajustes foram feitos para manter o equilíbrio narrativo, mesmo que, para os puristas, representem um empobrecimento do potencial original dos personagens.
Transformações Surpreendentes que Ficam pelo Caminho
Alguns vilões sofreram reinterpretações que, embora tragam elementos interessantes, deixam de revelar todo o espectro de seus poderes. O personagem conhecido como Treinador, nos quadrinhos chamado Tony Masters, possui uma habilidade impressionante de copiar com precisão qualquer estilo de luta, além de até reproduzir habilidades culinárias, resultado de sua memória fotográfica fenomenal, algo que não foi replicado no UCM.

Tony Masters (Reprodução)
Da mesma forma, Cassandra Nova exibe nos quadrinhos um poder único: além de suas habilidades telepáticas e telecinéticas, ela pode remodelar seu próprio corpo à vontade, assumindo diversas formas e até imitando vozes, uma capacidade que deixou de ser explorada nas adaptações cinematográficas. Esses exemplos demonstram que certos detalhes, que poderiam transformar a narrativa e a dinâmica dos confrontos, foram simplificados para se adequar a uma linguagem mais visual e acessível ao grande público.
Poderes Inexplorados que Poderiam Redefinir Confrontos
Outros vilões viram suas capacidades ampliadas nos quadrinhos e, quando adaptados para o UCM, perderam elementos cruciais que os tornariam ainda mais imponentes. O Barão Zemo, por exemplo, não possui poderes inatos, mas nos quadrinhos ele (e seus antecessores) têm acesso a um composto chamado “composto X”, que desacelera seu envelhecimento e os torna praticamente imortais – uma característica que explicaria sua longa história de confrontos contra o Capitão América, mas que não foi mencionada no universo cinematográfico. Já o Killmonger, cuja trajetória nos quadrinhos inclui uma morte que o faz reviver como hospedeiro de um simbionte, retornando com uma mistura de poderes que mescla Venom e Pantera Negra, foi trazido ao cinema sem essa reviravolta, deixando muitos fãs ansiosos para ver essa versão mais complexa.
O Mandarim é outro caso emblemático: nos quadrinhos, ele manuseia dez anéis distintos – cada um com uma aparência e um poder diferente –, enquanto no UCM os anéis aparecem como dispositivos idênticos que se unem por energia, resultando em uma atuação que, embora impactante, não atinge todo o potencial de seu arquétipo. O Ultron do UCM, por sua vez, detém uma vasta gama de poderes tecnológicos e possui um corpo feito de vibranium, mas deixou de utilizar o temido Encéfalo-raio, uma técnica dos quadrinhos que permitia colocar suas vítimas em coma com um simples disparo de energia cerebral. Finalmente, Thanos, que nos quadrinhos é descrito como parte dos Eternos e capaz de disparar rajadas de energia de proporções absurdas – capazes de cortar naves espaciais como papel – teve seus poderes elevados apenas por meio da Manopla do Infinito, mas sem ela, sua força se resume a resistência física aprimorada. Cada uma dessas escolhas reflete decisões deliberadas para adaptar o material original a um formato que equilibre espetáculo e coerência no contexto dos filmes.

Ultron (Reprodução)
Com esses ajustes, o Universo Cinematográfico Marvel consegue criar vilões que, apesar de não atingirem todas as potencialidades de suas contrapartes nos quadrinhos, ainda são lembrados como ameaças formidáveis. Essa linha de adaptação revela a complexa tarefa de traduzir páginas repletas de nuances e poderes devastadores para a tela grande, preservando a essência dos personagens sem comprometer o ritmo e a lógica interna do UCM. Fica evidente que, mesmo com os “nerfs” aplicados, a presença de vilões como Hela, Ultron, Killmonger, Mandarim, entre outros, continua sendo um dos pilares que impulsionam a grandiosidade dos conflitos, mantendo o público em suspense diante de confrontos que, se tivessem todos os poderes originais, poderiam redefinir completamente a dinâmica dos heróis.
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