por Cheyna Corrêa
Superman e Batman são exemplos máximos de mitologias distintas: um encarna o ápice da condição humana, o outro é um ser de poder absoluto. A coexistência desses personagens no mesmo universo editorial sempre pareceu uma forçada de barra, resultado de decisões comerciais mais que narrativas.
Dennis O’Neil e a visão crítica
O roteirista Dennis O’Neil, a lenda que revitalizou Batman e Arqueiro Verde nos anos 1970, reprovava a ideia de um universo compartilhado. Em entrevista de 2018, ele argumentou que o tom de Superman, repleto de fantasia, jamais se alinharia ao realismo urbano de Batman, cujo drama investe em investigações policiais e dilemas humanos.
Origem editorial da fusão
Quando surgiram em 1938 e 1939, Superman e Batman habitavam revistas diferentes: Action Comics e Detective Comics. Apenas em 1954, na revista World’s Finest Comics, a DC juntou os dois para cortar custos de produção e economizar papel. A princípio, as histórias mantinham narrativas separadas, mas logo os personagens passaram a interagir, impulsionando a formação da Liga da Justiça.
Conflito de tom e verossimilhança
Nos cinemas, franquias de Superman e Batman caminham isoladas por conta das necessidades de verossimilhança, um nos trilhos da ficção cósmica, outro mergulhado em investigações sombrias. O’Neil defendia essa separação lógica também nas HQs, destacando que o contraste de habilidades e atmosferas torna a junção forçada, em vez de orgânica.
Sucesso e legado do universo compartilhado
Apesar da origem acidental, a parceria se consolidou: Batman e Superman tornaram-se aliados e amigos, protagonizando sagas que vão da World’s Finest à Liga da Justiça. Hoje, suas revistas permanecem independentes na maior parte das histórias, respeitando seus tons distintos, mas a ideia de um universo integrado provou ser um dos pilares que mantém a DC viva e celebrada pelos fãs.
Essa polêmica demonstra que, mesmo em universos compartilhados, a força de cada herói sobrevive à eventual incoerência editorial.
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