Por que a vitória de Mikey Madison sobre Fernanda Torres e Demi Moore no Oscar 2025 é uma grande ironia?

Melo

Por que a vitória de Mikey Madison sobre Fernanda Torres e Demi Moore no Oscar 2025 é uma grande ironia?

O Oscar 2025 trouxe um momento histórico para o cinema brasileiro com Ainda Estou Aqui vencendo Melhor Filme Internacional. Um prêmio que faz jus à força narrativa da obra e ao talento de Walter Salles, reafirmando o Brasil como uma potência cinematográfica. Mas se a Academia acertou ao reconhecer o cinema nacional, errou feio ao premiar Mikey Madison como Melhor Atriz, passando por cima de Fernanda Torres e Demi Moore, que entregaram performances muito mais complexas e impressionantes.

Fernanda Torres entregou uma atuação muito superior

Fernanda Torres vence Globo de Ouro por atuação em Ainda | Cultura

Vamos ser sinceros: Fernanda Torres estava degraus acima de qualquer outra indicada. A atuação dela não era apenas boa, era assombrosa, repleta de nuances e uma carga dramática que poucas atrizes no mundo conseguiriam alcançar. A forma como ela dosou cada expressão, cada olhar, cada silêncio mostrou uma maestria que Demi Moore e Mikey Madison simplesmente não alcançaram.

Isso, claro, se Hollywood soubesse reconhecer atuações contidas. Mas não, o Oscar só sabe premiar gritaria, choradeira e explosões emocionais, ignorando performances que trabalham a sutileza e o peso da interioridade. Demi Moore, por exemplo, estava excelente em A Substância, um filme que, ironicamente, fala sobre a obsessão da indústria pela juventude. Mas, ainda assim, não chegou nem perto da entrega de Fernanda Torres.

E o que o Oscar fez? Premiou uma atriz de 25 anos, linda, talentosa, sim, mas que fez um papel muito menos exigente. Madison estava ótima em Anora, um filme sobre sexo, drogas e prostituição, mas é evidente que seu papel não demandava nem metade do esforço dramático que o de Torres exigiu.

O Oscar só confirma o que já sabíamos

O mais engraçado – ou melhor, o mais deprimente – é que o Oscar segue organizado por velhos brancos, os mesmos que há anos tomam decisões que ignoram mérito e favorecem narrativas convenientes. O que esperar de uma premiação que se diz progressista, mas continua reforçando os mesmos padrões excludentes de sempre?

O caso de A Substância torna tudo ainda mais irônico. O filme mostra uma atriz veterana sendo descartada por Hollywood simplesmente por envelhecer, e o que acontece na vida real? Demi Moore é ignorada para que uma atriz mais jovem leve a estatueta.

No fim das contas, o Brasil brilhou, Fernanda Torres segue consagrada e Ainda Estou Aqui garantiu sua merecida vitória. Mas se você ainda leva o Oscar a sério, talvez seja hora de repensar.

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