O Oscar 2025 marcou um momento histórico para o Brasil, com Ainda Estou Aqui vencendo o prêmio de Melhor Filme Internacional. No entanto, ao mesmo tempo que o cinema brasileiro celebrou sua primeira estatueta da Academia, a noite também foi marcada por uma grande decepção: Fernanda Torres não levou o prêmio de Melhor Atriz.
O troféu ficou com Mikey Madison, pelo filme Anora, e isso gerou um debate acalorado. Afinal, ela realmente teve a melhor atuação da categoria? Será que Fernanda Torres ou até mesmo Demi Moore, indicada por A Substância, mereciam mais?
A torcida pelo Brasil estava fortíssima, com fãs reunidos em casas, bares e até no Carnaval, interrompendo bloquinhos para comemorar a vitória de Ainda Estou Aqui. Mas, quando chegou a categoria de Melhor Atriz, veio a frustração: o prêmio não foi para Fernanda Torres.
O curioso é que a vitória de Mikey Madison já era prevista. Anora, dirigido por Sean Baker, dominou a premiação, levando cinco estatuetas, incluindo Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Edição. O filme estava cercado por um hype crescente, tendo vencido o BAFTA e outros prêmios importantes antes do Oscar.
Mesmo assim, será que a atuação de Mikey realmente superou a de Fernanda?
O que pesa na decisão da Academia?
Hollywood tem um padrão bem claro na hora de premiar atuações: os votantes da Academia tendem a valorizar performances explosivas, cheias de gritos, choros e desespero evidente. Esse tipo de atuação costuma chamar mais atenção e acaba conquistando os votos.
No caso de Anora, Mikey Madison interpreta uma personagem intensa, que passa boa parte do filme gritando e xingando. Seu grande momento dramático vem apenas no final, quando finalmente deixa as emoções transparecerem.
Já a atuação de Fernanda Torres em Ainda Estou Aqui foi completamente diferente. Ela interpretou Eunice Paiva, uma mulher que precisa lidar com o desaparecimento do marido durante a Ditadura Militar, mas sem demonstrar sua dor para os filhos. Sua performance foi contida, cheia de camadas e nuances, transmitindo sentimentos profundos sem precisar de explosões emocionais.
O reconhecimento da crítica
Mesmo sem a estatueta, Fernanda Torres foi amplamente elogiada pela crítica internacional, que destacou justamente essa abordagem mais sutil. Veja o que alguns dos principais críticos disseram sobre sua performance:
- David Rooney (The Hollywood Reporter): “Torres é um modelo de contenção eloquente, mostrando a dor íntima de Eunice e sua força necessária pelos meios mais sutis.”
- Stephanie Bunbury (Deadline): “Fernanda Torres tem uma delicadeza emocional como Eunice que transmite, através dos menores e mais sutis sinais, o quanto lhe custa conter sua ansiedade e raiva pelo bem de sua família.”
- Leila Latif (IndieWire): “A Eunice de Torres possui uma força e um estoicismo fenomenais, que tornam cada momento de dor que transparece por entre as brechas de sua armadura ainda mais comovente.”
Mesmo com esse reconhecimento, a Academia ainda prefere performances mais chamativas, deixando de lado as atuações sutis e complexas. Foi exatamente esse o caso da disputa entre Mikey Madison e Fernanda Torres.
Um padrão que se repete
Essa não foi a primeira vez que uma atuação mais contida foi ignorada no Oscar. Ao longo da história, a Academia já premiou inúmeras performances exageradas, deixando de lado interpretações mais nuançadas e emocionais.
No fim, Fernanda Torres pode não ter levado o Oscar para casa, mas sua atuação já entrou para a história do cinema brasileiro. Seu trabalho foi reconhecido pela crítica e pelo público, e sua performance segue sendo celebrada como uma das melhores do ano.
E você, acha que o prêmio foi justo? Ou o Brasil foi “roubado” no Oscar?
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