A dublagem brasileira de Chainsaw Man, um dos animes mais esperados de 2022, tornou-se alvo de uma enorme polêmica envolvendo a frase “O futuro é pica”. Originada em traduções não oficiais do mangá, a expressão gerou discussões sobre ética em traduções, pirataria e o comportamento tóxico de parte da comunidade de fãs. A controvérsia culminou na saída de Guilherme Briggs, renomado dublador, que interpretava o Demônio do Futuro no anime.
Tudo começou quando grupos de scans ilegais popularizaram a frase “O futuro é pica” em suas traduções do mangá. Embora tenha se tornado um meme entre os fãs, essa versão não fazia parte da obra original e foi criada por materiais piratas conhecidos por incluir conteúdos ofensivos, preconceituosos e até criminosos. Essa prática, além de infringir direitos autorais, deturpa a visão dos autores e prejudica o público.
Quando Chainsaw Man chegou oficialmente ao Brasil, as equipes de tradução optaram por adaptações adequadas ao contexto. A Panini utilizou “O futuro é supimpa” no mangá, enquanto a Crunchyroll legendou como “O futuro é top”. Na dublagem brasileira, feita pela Som de Vera Cruz, a frase foi traduzida como “O futuro é show”, preservando o tom excêntrico do personagem, mas sem recorrer a linguagens ofensivas.
Mesmo com explicações de que a decisão sobre a tradução não era responsabilidade dos dubladores, Guilherme Briggs tornou-se o principal alvo de críticas e ataques nas redes sociais. Muitos fãs exigiam que o bordão ilegal fosse mantido na dublagem oficial, ignorando a origem questionável da frase. Briggs esclareceu que não compactuaria com conteúdos de fontes piratas, especialmente aqueles carregados de racismo e homofobia, e reiterou que essas decisões cabem ao estúdio e à distribuidora.
Ainda assim, o dublador enfrentou uma onda de ataques virtuais, incluindo ameaças de morte e tentativas de invasão de suas contas pessoais. Em janeiro de 2023, diante do clima tóxico, Briggs anunciou sua saída definitiva da produção. “Eu não trabalho com algo que contraria meus valores e minha ética profissional”, afirmou em suas redes sociais, reforçando seu compromisso com um trabalho ético.
A saída de Guilherme Briggs não só privou os fãs de uma atuação memorável, como também destacou o impacto negativo de comportamentos tóxicos na indústria. O caso serve como um alerta sobre a importância de respeitar os profissionais e valorizar as adaptações oficiais, garantindo que a comunidade otaku seja um espaço saudável e sustentável para criadores e fãs.
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