Quando a Academia errou: clássicos esquecidos pelo Oscar

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Quando a Academia errou: clássicos esquecidos pelo Oscar
Um Sonho de Liberdade (Divulgação)

por Cheyna Corrêa

Nem sempre levantar a estatueta da Academia significa deixar um legado mais duradouro. Há filmes que, apesar de indicados e até ofuscados pelos vencedores da noite, transcenderam o tempo e se tornaram ícones culturais – ao contrário daqueles que saíram com o Oscar nas mãos e hoje mal são lembrados. Confira dez exemplos de longas que envelheceram melhor do que os campeões de sua categoria.

Um Sonho de Liberdade (1994)

Em 1994, Forrest Gump levou o Oscar de Melhor Filme, mas quem permanece no topo das listas do IMDb e no coração do público é Um Sonho de Liberdade. A poderosa adaptação de Stephen King sobre esperança e redenção em uma prisão de segurança máxima cativou gerações com sua mensagem atemporal, superando a popularidade de seu concorrente premiado.

O Segredo de Brokeback Mountain (2005)

Num ano em que o controverso Crash – No Limite ganhou o prêmio principal, O Segredo de Brokeback Mountain foi deixado de lado. O romance proibido entre dois cowboys, interpretados por Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, marcou época ao tratar com sensibilidade o amor homoafetivo em Hollywood, deixando Crash esquecido em poucos anos.

O Segredo de Brokeback Mountain (Divulgação)

Apocalypse Now (1979)

Francis Ford Coppola ofereceu em Apocalypse Now um retrato alucinado da Guerra do Vietnã, mas a estatueta de Melhor Filme foi parar em Kramer vs. Kramer. Apesar da qualidade do drama familiar vencedor, o impacto cultural e as reflexões sobre violência, insanidade e colonialismo de Apocalypse Now consolidaram seu status de clássico absoluto.

Os Bons Companheiros (1990)

Martin Scorsese entregou com Os Bons Companheiros um retrato visceral da máfia que rivaliza com O Poderoso Chefão. Ainda assim, em 1990 a Academia premiou Dança com Lobos. Hoje, a obra de Scorsese – repleta de atuações memoráveis e narrativa afinada – é considerada superior ao épico sobre fronteiras e indígenas, datado e menos inspirado.

Infiltrado na Klan (2018)

Spike Lee levou o público a questionar o racismo institucional com Infiltrado na Klan, mas foi Green Book: O Guia que conquistou a Academia em 2018. A jornada mais ousada e crítica de Lee – baseada em fatos reais sobre infiltração na Ku Klux Klan – encontrou hoje maior ressonância e relevância social do que o drama vencedor, visto hoje como mais complacente.

Sociedade dos Poetas Mortos (1989)

Em 1989, Conduzindo Miss Daisy faturou o Oscar de Melhor Filme, e Sociedade dos Poetas Mortos ficou com as mãos vazias. O filme com Robin Williams, porém, inspirou plateias ao mostrar a importância de questionar normas e seguir paixões, envelhecendo com mais força emocional que o vencedor, cujo tom “açucarado” sobre racismo não atingiu o mesmo patamar de identificação.

Sociedade dos Poetas Mortos (Divulgação)

A Rede Social (2010)

Enquanto O Discurso do Rei conquistava o Oscar em 2010, A Rede Social contava a ascensão do Facebook e o custo humano do sucesso digital. Além de roteiro afiado e atuações precisas, o filme antecipou debates sobre o poder das redes sociais, superando em relevância histórica o drama político sobre monarquia britânica.

O Sexto Sentido (1999)

M. Night Shyamalan se tornou sinônimo de reviravoltas com O Sexto Sentido, mas quem faturou o Oscar em 1999 foi Beleza Americana. O suspense psicológico de Shyamalan manteve-se influente por décadas, enquanto o vencedor ganhou fama rápida e depois caiu no esquecimento.

Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981)

Steven Spielberg e Harrison Ford redefiniram aventura em Os Caçadores da Arca Perdida, mas em 1981 o prêmio foi para Carruagens de Fogo. Apesar da clássica trilha sonora de Vangelis, a epopeia olímpica perdeu o frescor que Indy entregou com cenas inesquecíveis e personagem cativante.

Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança (1977)

Em 1977, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa levou o principal Oscar, enquanto Star Wars foi premiado em categorias técnicas. Hoje, mesmo sem o prêmio de Melhor Filme, a saga intergaláctica de George Lucas se tornou um dos pilares da cultura pop, enquanto o vencedor de Woody Allen permanece à sombra de suas controvérsias e da popularidade de Star Wars.

Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança (Divulgação)

Esses exemplos provam que o Oscar reflete a escolha de um determinado júri em um momento específico – mas não necessariamente ditam o julgamento definitivo da história. No fim das contas, o público e o tempo são os verdadeiros juízes da grandeza cinematográfica.

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