por Cheyna Corrêa
Quando pensamos em ficção científica, imaginamos mundos regidos por leis plausíveis e inovações tecnológicas que desafiam, mas não quebram, as bases da ciência. No entanto, vários sucessos do cinema que se vendem como obras científicas simplesmente ignoram conceitos elementares, transformando acertos em pura fantasia. Veja abaixo dez clássicos que divergem completamente da realidade.
A Mosca
No remake de David Cronenberg, um cientista troca acidentalmente seu corpo com o de uma mosca após um experimento de teletransporte. A ideia de um híbrido humano-inseto desafia qualquer lógica biológica: não existe mecanismo genético ou celular que permita a fusão de espécies tão distintas.
O Vingador do futuro
Arnold Schwarzenegger estrela esta aventura de memórias implantadas, colonização de Marte e ar vendido em cartuchos. Implantar lembranças, regular a atmosfera marciana dessa forma e sobreviver às intempéries lá fora são apenas ideias de roteiro, sem qualquer fundamentação em neurociência ou astrobiologia.

O Vingador do Futuro (Divulgação)
Prometheus
O prólogo de Alien tenta dar conta de engenharia biológica, viagens interestelares e até origem da vida extraterrestre. Mas a manipulação genética mostrada, a navegação à velocidade da luz e as motivações dos “engenheiros” distorcem completamente física, química e biologia em nome do entretenimento.
Lucy
A premissa de que usamos apenas 10 % do cérebro e que um fármaco pode liberar 100 % de nossa capacidade cognitiva é um mito consolidado como verdade popular. Pesquisas em neurociência mostram que praticamente todas as regiões cerebrais têm função, invalidando por completo o conceito central do filme.
Armageddon
Treinar perfuradores de petróleo para operar no espaço é menos plausível do que o oposto. Além disso, cenários de explosões nucleares em asteroides e gravidade zero com chuva de destroços repetem clichês cinematográficos sem respeitar a física orbital nem protocolos reais da NASA.

Armageddon (Divulgação)
Gravidade
Apesar de ser um dos mais cientificamente cuidadosos, apresenta detritos orbitais agindo como uma onda perfeita e espaços de órbita com duração de minutos uniformes — nada compatível com a dinâmica de satélites e velocidades reais em torno da Terra.
A Origem
Sonhos dentro de sonhos comandados de fora podem render uma trama envolvente, mas não têm suporte em estudos de psicologia ou neurociência. A ideia de inserir ideias no subconsciente do alvo é pura licença poética, ainda que o filme acerte ao mostrar estágios de sono.
Matrix
Viver preso numa simulação e usar o corpo humano como “bateria” gera dilemas filosóficos, mas não se sustenta em termos biológicos e energéticos. Seria muito mais eficiente para as máquinas manter seus próprios sistemas, sem depender de células-vivas como fonte primária.
Interestelar
Consultoria de prêmio Nobel à parte, a praga nas plantações que suga o oxigênio da Terra ocorreria em escala de milhões de anos. A representação do buraco negro Gargantua e os efeitos de dilatação temporal são extrapolações artísticas sem evidência prática, embora visualmente fascinantes.

Interestelar (Divulgação)
Jurassic Park
A clonagem de dinossauros a partir de DNA de milhões de anos ultrapassa qualquer limite de preservação genética. Além disso, pesquisas paleontológicas indicam que muitos dinos tinham penas ou hábitos distintos dos mostrados. Ainda assim, nada abala o legado do clássico de Spielberg.
Apesar desses exageros, todos são grandes filmes que estimulam a imaginação e despertam curiosidade pela ciência. Às vezes, vale mais apreciar a aventura do que cobrar exatidão técnica.
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