Peter Jordan se aprofundou em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos para destrinchar cada detalhe de um dos filmes mais ambiciosos da Marvel, repleto de drama familiar, ficção científica e homenagens diretas às HQs.
Universo alternativo como tributo raiz
Este longa se passa fora da “linha sagrada” 616 do UCM, criando um universo alternativo onde o Quarteto dita o ritmo do planeta. Aqui, Sue Storm preside a ONU e intermedia acordos entre a superfície e Subterrânea, lar do Homem Toupeira. Reed Richards compartilha avanços tecnológicos — como o “biscoito de vampiro” que sacia a sede de sangue — e todos respondem às suas inovações. Esta vibe positiva e coletivista remete à corrida espacial dos anos 60, quando heróis eram tidos como salvadores da humanidade. O filme abraça esse legado, homenageando o inconsciente coletivo da época, sem exigir qualquer conhecimento prévio do MCU.
Vilões clássicos e referências meticulosas
Para celebrar os antagonistas do quarteto, o filme recria cenas marcantes das HQs:
- A capa da primeira edição (#1) aparece em fundo narrativo, mostrando o embate com o Giganto, um dos monstros de Subterrânea.
- O Diablo surge como um desafiante de alquimia mística, colocando a genialidade científica de Reed à prova.
- O Red Ghost (John Malkovich) e seus macacos mutantes foram cortados do corte final, mas originalmente exploravam a “corrida cósmica” de vilões soviéticos em busca dos raios cósmicos. Essa ausência explica a transição brusca das primeiras cenas de worldbuilding para a ação.
Dinâmica de equipe fiel às HQs
Ao contrário de adaptações anteriores, aqui cada membro tem papel ativo no laboratório e nas missões:
- Reed lidera com engenhosidade, antecipando tecnologias para a defesa planetária.
- Sue usa sua influência diplomática e assume o papel de “rosto público” do Quarteto.
- Johnny e Ben colaboram nos experimentos, pilotam naves e coordenam operações de resgate, evocando as lendárias cenas de Yancy Street.
Esse equilíbrio reforça a ideia de um Quarteto verdadeiro, onde todos são imprescindíveis.
Johnny Storm: a Tocha Humana definitiva
Joseph Quinn entrega o Johnny mais carismático e heroico já visto em live action. Longe do estereótipo de “fraternidade festeira”, seu Johnny combina aventura e sacrifício: é ele quem frequentemente se lança em chamas para proteger os outros, tal qual nos quadrinhos em que ele enfrenta a Zona Negativa sozinho, segurando invasores intergalácticos.
Sue Storm: a mãezona casca‑grossa
Vanessa Kirby incorpora Sue como uma líder madura, cujo maior desafio é proteger o filho prestes a nascer, Franklin Richards. Ela transita entre colete‑branco político e heroína poderosa, capaz de conter seres cósmicos graças à sua ligação com o Poder Cósmico, elevando‑a ao nível dos Celestiais.
Ben Grimm: o Coisa das ruas
Ebon Moss‑Bachrach dá corpo ao “tiozão” da Yancy Street, pilotando a nave e enfrentando a Surfista Prateada com força bruta. Seu design de produção e sua relação com Johnny evocam as HQs originais, celebrando suas raízes nova‑iorquinas.
Reed Richards: gênio com poderes nerfados
Pedro Pascal convence como o cérebro do grupo, traçando planos que envolvem buracos de minhoca e racionamento de energia global. A atuação é sólida, mas os efeitos elásticos de seus poderes ficaram aquém das expectativas: Reed se estica timidamente, longe das façanhas geométricas vistas nas páginas de Jack Kirby.
Surfista Prateada e sua perseguição estelar
A cena em que o Quarteto escapa de Galactus via superluminal, apenas para ser alcançado por Norrin Radd, é o ponto alto de ficção científica do MCU. A Surfista surfa nas ondas gravitacionais de buracos negros e força todos a um combate de realidade cósmica, trazendo à tela a epicidade das HQs de Silver Surfer Black.
O legado que fica
Quarteto Fantástico: Primeiros Passos estabelece um novo patamar para o MCU, equilibrando drama, ciência, estética retrofuturista e respeito ao material original. É um filme que resume a essência do Quarteto em uma só exibição e promete impactos permanentes no universo Marvel.
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