‘Quarteto Fantástico’: o filme esquecido de 1994 é tão ruim assim?

Cheyna Corrêa (Texto: Peter Jordan)

Quando falamos de Quarteto Fantástico no cinema, a maioria lembra dos filmes da Fox ou do reboot fracassado de 2015. Mas existe uma adaptação ainda mais antiga, feita em 1994, que nunca chegou aos cinemas e acabou se tornando uma lenda entre os fãs da Marvel. Mas afinal… ele é tão ruim assim?

Nos anos 90, a Marvel vivia tempos difíceis. Sem dinheiro, vendeu os direitos de vários heróis para estúdios de Hollywood. Foi assim que o Homem-Aranha foi parar na Sony e os X-Men na Fox. O produtor alemão Bernd Eichinger comprou os direitos do Quarteto nos anos 80, mas precisava lançar um filme até 1992 para manter a licença. Sem tempo e sem grana, ele se uniu a Roger Corman, mestre dos filmes B, e produziu o longa por apenas 1 milhão de dólares — contra os quase 100 milhões gastos no filme de 2005.

A pegadinha? O projeto não precisava ser lançado nos cinemas, e não foi. Oficialmente, o filme nunca estreou, mas cópias piratas circulam desde os anos 90.

Uma origem fiel (com alguns tropeços)

A história segue a clássica origem do Quarteto: Reed Richards, Sue Storm, Johnny Storm e Ben Grimm vão ao espaço, sofrem com a radiação e ganham seus poderes, precisando enfrentar o Doutor Destino. Curiosamente, o filme acerta mais na origem de Destino do que as versões modernas — aqui, ele é dado como morto e ressurge com a armadura, como nos quadrinhos.

Por outro lado, há invenções estranhas, como o vilão O Joalheiro, que sequestra Alicia Masters e deveria ter sido o Toupeira, mas não pôde ser usado por questões contratuais. Também tem a polêmica com o Coisa, que reverte à forma humana apenas por tristeza — algo bem fora da essência do personagem.

Mesmo assim, para a época, os visuais do Coisa e de Destino surpreendem, especialmente considerando o orçamento limitado.

Elenco desconhecido, mas carismático

Sem astros famosos, o elenco conta com Alex Hyde-White (Reed), Rebecca Staab (Sue), Jay Underwood (Johnny) e Michael Bailey Smith (Ben Grimm), com Carl Ciarfalio vestindo o traje do Coisa. O destaque vai para Joseph Culp como Doutor Destino, entregando uma performance digna dos quadrinhos.

Apesar dos diálogos simples, os atores vendem bem a ideia de que são o Quarteto Fantástico.

É bom ou é ruim?

A produção tem efeitos dignos de Chapolin Colorado e cenas de ação limitadas, mas seria injusto chamá-la de péssima. Comparada a fiascos como Batman & Robin (1997), com 150 milhões de orçamento, este Quarteto Fantástico de 1994 se sai até bem.

O longa acabou virando um pedaço curioso da história da Marvel, eternizado no documentário Doomed! A História Não Contada de O Quarteto Fantástico de Roger Corman (2015). Para fãs, vale assistir nem que seja como registro histórico.

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