Redenção: o filme que enfrenta o passado e o perdão | CRÍTICA

Melo

Redenção: o filme que enfrenta o passado e o perdão | CRÍTICA

Redenção, dirigido por Icíar Bollaín, não é só um filme, é aquele soco no estômago emocional que te deixa meio sem saber se chora, respira fundo ou liga pra sua mãe depois. A trama pega uma história real – a viúva Maixabel Lasa, que topa se encontrar com os assassinos do marido morto pelo ETA – e transforma num drama que é sério, mas não pesado a ponto de te derrubar.

Pra quem não conhece, o ETA (Euskadi Ta Askatasuna) foi um grupo separatista basco que, entre as décadas de 1950 e 2010, usou a luta armada como meio para conquistar a independência do País Basco, no norte da Espanha. No entanto, o caminho foi marcado por uma longa lista de atentados e assassinatos que deixaram um rastro de dor e ódio pelo país. Em Redenção, o ETA não é glorificado nem demonizado de forma caricata. É mostrado como um movimento político que, em muitos momentos, perdeu a humanidade no radicalismo. Essa abordagem dá ao filme um tom realista e honesto, que não alivia os erros cometidos nem tira o peso das consequências de suas ações.

Primeiro, vamos falar da protagonista: Blanca Portillo entrega uma atuação que não tem outra palavra além de absurda. Ela encarna Maixabel de um jeito tão visceral que dá vontade de abraçar a tela. É como se você sentisse o peso da dor dela, mas ao mesmo tempo a força dessa mulher que, honestamente, tem mais coragem do que a maioria de nós teria. Já Luis Tosar, como o ex-etarra arrependido Ibon, segura firme o lado complicado da história – e entrega diálogos de um cara que sabe que estragou tudo, mas ainda quer tentar fazer algo certo.

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O filme é uma mistura bem equilibrada de documentário e drama. Não te joga num mar de lágrimas o tempo todo, mas também não alivia no tema sério. Tem diálogos que você para e pensa: “Caraca, e agora?” Tipo quando Maixabel solta pra Ibon, na cara dura: “Prefiro ser a viúva do Juan Mari que a tua mãe.” A resposta dele? “Eu preferia ser o Juan Mari que o seu assassino.” É aquele momento em que você sente o peso da vida real.

O mais importante para mim é que Redenção não tenta “vender” perdão como algo simples ou romantizado. Aqui, é complicado, é duro, e às vezes parece até impossível. E isso que deixa o filme tão honesto. Bollaín sabe que algumas feridas não fecham completamente, mas dá pra tentar começar a cicatrizar.

A direção e o roteiro também acertam em cheio ao mostrar como a Espanha tenta lidar com as marcas deixadas pelo ETA. É um filme sobre enfrentar os monstros do passado, mas também sobre encontrar humanidade, mesmo nas pessoas que você nunca imaginaria. No fim, Redenção é sério, forte e mexe com a gente, mas sem pesar tanto que te deixa no chão. É um lembrete de que perdão não é pra todo mundo, mas quando acontece, é transformador.

NOTA: 3,5/5

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