A NCSOFT decidiu revisitar sua icônica franquia com Blade & Soul Heroes, um título que tenta reinventar a experiência trazendo heróis colecionáveis em um sistema gacha estratégico.
O lançamento global, em 24 de setembro de 2025, promete agradar tanto quem conhece a série quanto novos jogadores, graças à narrativa acessível, mas a experiência vai muito além de simplesmente desbloquear personagens.
Um mundo visualmente deslumbrante
O jogo mantém a identidade artística de Blade & Soul, com estética inspirada em anime e referências orientais fortes. Montanhas enevoadas, vilarejos esquecidos e florestas densas criam cenários que impressionam, principalmente nos heróis de tier alto, cujas animações destacam fluidez e detalhamento. A trilha sonora, com arranjos baseados em melodias asiáticas, reforça a tensão ou a calma de cada situação, tornando a jornada ainda mais épica.
Porém, a beleza é desigual. Elementos permanentes na tela, como armas e habilidades, são renderizados com altíssima fidelidade, enquanto texturas de NPCs e ambientes menores podem parecer inconsistentes. A sensação é de um mundo parcialmente vivo, uma experiência estonteante em capturas de tela, mas que revela suas falhas em movimento.
Combate: o ponto alto da experiência
A transição para a primeira pessoa é arriscada, mas o combate se destaca como o grande triunfo de Blade & Soul Heroes. Cada parry, esquiva ou combo aéreo é visceral e tátil, oferecendo um ritmo intenso e gratificante. As classes foram reimaginadas para criar interações físicas: bloquear com a espada ou lançar magias exige timing e precisão, trazendo uma sensação de poder raro em RPGs de ação.
O grande porém é a perda de consciência situacional em lutas com múltiplos inimigos, o que limita a coreografia tradicional do Blade & Soul original. Aqui, a imersão é incrível para duelos individuais, mas menos efetiva contra multidões, exigindo atenção redobrada.
Progressão e monetização: a face fria do gacha
Se o combate encanta, a progressão frustra. Blade & Soul Heroes mantém o ciclo de missões diárias, mas a dificuldade de aprimoramento e a escassez de recursos criam barreiras que incentivam microtransações. A loja premium é quase uma extensão do sistema de jogo: tudo que o jogador poderia conquistar com paciência é oferecido à venda para acelerar ou garantir resultados.
O resultado é um contraste cruel: a excelência do combate se choca com a rotina mecânica de progressão, tornando cada vitória uma conquista parcialmente amargurada.
Narrativa e mundo social
A história segue a clássica tensão entre forças espirituais e conflitos humanos, centrada em vingança e recrutamento de heróis para deter uma ameaça adormecida. A narrativa cria proximidade com personagens como Yusol, mas também expõe a artificialidade de NPCs e missões repetitivas.
Em termos sociais, guildas, chats de aliança e modos cooperativos são liberados cedo, permitindo interação online e progressão coletiva, especialmente em raids e eventos PvE, embora a profundidade narrativa permaneça linear.
Beleza e frustração lado a lado
Blade & Soul Heroes é um título que fascina e frustra simultaneamente. A NCSOFT entrega um combate excepcional, visual impressionante e trilha sonora épica, mas a experiência é minada por progressão predatória, missões repetitivas e inconsistência gráfica. É um jogo que poderia representar o futuro dos RPGs de ação, mas que constantemente puxa o jogador de volta à dura realidade do modelo gacha.
Em resumo, Blade & Soul Heroes não é apenas um jogo bom ou ruim: é uma obra-prima quebrada, um espetáculo técnico que encanta pelos combates e decepciona pelas escolhas de design e monetização. Uma experiência que deixa na memória uma sensação agridoce, como se cada vitória tivesse que carregar uma cicatriz.
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