Review: Entre sustos calculados e drama familiar, novo ‘Invocação do Mal’ encerra a saga dos Warrens

Andre Cananea (Texto: Valentina Camargo)

O quarto capítulo da franquia Invocação do Mal chegou aos cinemas brasileiros com a missão de encerrar a trajetória de Ed e Lorraine Warren, mantendo a tensão e o charme que conquistaram o público ao longo dos anos. O Último Ritual consegue equilibrar sustos, drama familiar e uma narrativa dinâmica que prende a atenção do espectador do início ao fim, mesmo que nem todos os elementos visuais atinjam o mesmo nível de realismo.

A história centraliza-se em Judy, filha do casal Warren, e nos desafios que ela enfrenta quando se depara com um espelho amaldiçoado. O filme alterna passado e presente de forma eficaz, mostrando como eventos antigos ecoam na vida da família e obrigando Ed e Lorraine a voltarem à ativa, após já terem se aposentado da caça a entidades sobrenaturais. Esse foco na união familiar e na proteção de quem se ama dá uma camada de profundidade à trama, tornando o terror mais humano e próximo do público.

Visualmente, o filme mantém a estética já conhecida da franquia, próxima à de produções como Annabelle e os filmes anteriores de Invocação do Mal. As cenas de susto são bem trabalhadas, com ritmo e timing que funcionam para o espectador, mas alguns efeitos em 3D, especialmente nas aparições de pessoas possuídas, podem quebrar a imersão. Um exemplo que chama atenção é o espelho amaldiçoado, que mesmo descartado, reaparece misteriosamente no sótão de outra família. Embora sirva como dispositivo narrativo para conectar passado e presente, a solução é improvável mesmo dentro da lógica do terror baseado em fatos.

Filha carrega o drama emocional do enredo

O filme também se destaca pela construção dos personagens. Ed e Lorraine continuam sendo figuras centrais fortes, mas é Judy quem carrega o drama emocional da história. Seu dilema, envolvendo a proteção do filho ainda no ventre e os desafios enfrentados na própria vida adulta, cria momentos tensos e emocionantes. A história se entrelaça com a vida de outros personagens, como o futuro genro de Judy, cuja sobrevivência inesperada acrescenta uma camada extra de suspense e imprevisibilidade à narrativa.

Além dos elementos familiares, o filme inclui cenas chocantes que remetem ao medo religioso, como o suicídio de um padre e confrontos com entidades demoníacas que desafiam a fé dos personagens e provocam tensão no público. Esses momentos contribuem para a sensação de perigo constante e reforçam a intensidade do roteiro, sem que o filme se torne cansativo. A dinâmica entre cenas de ação sobrenatural e drama familiar mantém o ritmo adequado, evitando pausas desnecessárias que poderiam diminuir o impacto da história.

Apesar da fidelidade a elementos da história real, o filme se permite liberdades criativas. O espelho amaldiçoado é um exemplo clássico: ele não existia nos relatos originais dos Smurls, mas funciona como símbolo físico da presença maligna e elemento que conecta diferentes linhas temporais. Outros exageros, como certos efeitos visuais, podem desagradar espectadores mais exigentes, mas não comprometem a narrativa principal nem a experiência geral do terror.

O encerramento da trama é satisfatório, com a celebração do casamento da filha de Judy, simbolizando a vitória da família sobre as forças malignas e oferecendo um fechamento emocional ao espectador. A narrativa consegue combinar tensão, sustos e drama familiar de maneira equilibrada, reforçando que, embora não seja perfeita, a franquia ainda consegue entregar entretenimento consistente e histórias envolventes para o público que acompanha os Warrens.

No fim, Invocação do Mal: O Último Ritual é uma conclusão digna da saga, capaz de provocar medo, emoção e curiosidade, mesmo com pequenas falhas visuais e elementos que exigem suspensão de descrença. É um filme de terror que cumpre seu propósito, equilibrando realidade e ficção para criar uma experiência memorável.

Confira aqui o shorts que eu gravei sobre a franquia Invocação do Mal no canal Ei Nerd!

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