Eles viajam entre realidades, desafiam a lógica e detonam o espaço-tempo com armas improvisadas. Mas talvez o mais explosivo em Rick & Morty não seja o multiverso — e sim o que ele revela sobre nós mesmos. A animação criada por Dan Harmon e Justin Roiland está em sua 8ª temporada, já disponível com exclusividade na Max, e segue misturando piadas absurdas com questionamentos profundos sobre a existência.
Debaixo da zoeira interestelar, dos alienígenas grotescos e das piadas ácidas, a série sempre foi um playground filosófico — um laboratório animado para discutir niilismo, livre-arbítrio, ética e existencialismo. Tudo isso sem dar respostas fáceis. Pelo contrário: Rick & Morty multiplica as perguntas a cada episódio.
O multiverso como espelho existencial
A grande sacada da série nunca foi só mostrar mundos paralelos, mas usar esse caos para fazer você pensar: o que nos torna únicos quando há versões infinitas de nós mesmos? E se Deus for só mais um personagem mal escrito, controlado por um roteirista bêbado no espaço?
Rick: o niilismo levado ao limite
Rick Sanchez é a encarnação animada do niilismo moderno. Gênio, cínico e autodestrutivo, ele trata tudo como descartável — pessoas, universos, até a própria família. Para ele, nada tem sentido, e tudo bem. Mas a série deixa claro que esse desapego radical tem um preço: solidão, vícios, crises e um vazio existencial que nenhuma máquina pode consertar.
Morty: o adolescente existencialista
Enquanto Rick abraça o caos, Morty ainda busca sentido. No meio do colapso cósmico, ele acredita em certo e errado, sente culpa, sofre por amor. Ele representa o lado humano da série: aquele que tenta ser bom mesmo quando nada faz sentido. E é nessa tensão entre Rick e Morty que a série encontra sua alma.
Escolhas em um universo sem regras
Com infinitas versões de cada personagem, Rick & Morty brinca com o conceito de livre-arbítrio. Se em outro universo você tomou uma decisão diferente, quem é o “você verdadeiro”? A série mostra desde Mortys tiranos até Jerrys bem-sucedidos — e nos força a encarar a pergunta: o que define quem somos?
Fazer o bem… mesmo quando nada importa
Mesmo em um universo onde nada tem consequência cósmica, as ações dos personagens geram efeitos — muitas vezes catastróficos. Rick & Morty cutuca dilemas éticos clássicos com sarcasmo e brutalidade: vale a pena fazer o bem se o universo não liga? Existe responsabilidade num multiverso sem moral?
Com episódios inéditos toda segunda-feira na Max, a 8ª temporada de Rick & Morty prova que a série segue em forma: mais insana, mais filosófica e mais relevante do que nunca. Afinal, poucas animações conseguem transformar perguntas sobre o sentido da vida em piadas com picles, clones e buracos negros existenciais. E a gente agradece por isso.
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