Por trás do lançamento do documentário “Sean Combs: O Acerto de Contas” na Netflix, existe muito mais do que apenas interesse jornalístico. A produção é o capítulo mais recente (e talvez final) de uma guerra fria — e muitas vezes quente — que dura quase 25 anos.
Para entender por que 50 Cent se tornou o principal algoz público de Diddy, precisamos voltar no tempo. A disputa não começou com as acusações de crimes sexuais, mas sim com egos feridos, disputas de mercado e alegações gravíssimas de homicídio.
-
A Origem: O “Fantasma” e o Empresário (2001)
A relação começou profissional, mas azeda. No início dos anos 2000, antes de estourar mundialmente, 50 Cent trabalhou como ghostwriter (compositor fantasma) para Diddy, escrevendo versos para o hit “Let’s Get It”.
- O rancor: 50 Cent sempre viu Diddy não como um artista, mas como um empresário que explorava criativos. “Ele não é um artista, é um promotor de festas”, declarou o rapper diversas vezes, criticando a ética de trabalho do magnata da Bad Boy Records.
-
A Bomba: Acusações de Homicídio (2006)
A tensão explodiu de vez em 2006, quando 50 Cent lançou a faixa “The Bomb”. Na música, ele fez uma acusação chocante que assombraria Diddy por décadas: a de que o empresário sabia quem matou o rapper The Notorious B.I.G. e estaria envolvido na morte de Tupac Shakur.
- A letra: “Quem atirou no Biggie? Ninguém sabe / Mas o Puffy sabe, então pergunte a ele”.
- A resposta: Diddy sempre negou veementemente qualquer envolvimento, chamando as acusações de “absurdas”. No entanto, 50 Cent nunca retirou o que disse e dedicou um episódio inteiro do novo documentário a explorar essa teoria.
-
A Guerra das Vodkas (2014-2017)
A rivalidade saiu da música e foi para o bar. Quando 50 Cent se tornou o rosto da marca de vodka Effen, ele iniciou uma campanha agressiva contra a Cîroc, marca de Diddy.
- Trollagem: O rapper usava as redes sociais (especialmente o Instagram) para zombar das vendas do rival, criando a hashtag #NoPuffyJuice e incentivando fãs a jogarem garrafas de Cîroc no lixo. Diddy tentou manter a postura de “paz e amor”, chegando a dizer em entrevistas que “50 Cent me ama”, mas nos bastidores a disputa comercial era feroz.
-
O Xeque-Mate: As Acusações de Abuso (2023-Presente)
Quando a ex-namorada de Diddy, Cassie Ventura, abriu o processo acusando-o de abuso e tráfico sexual em 2023, 50 Cent não se surpreendeu. Pelo contrário, ele se posicionou como alguém que “avisou o mundo” muito antes.
- A ofensiva final: Enquanto outras celebridades de Hollywood silenciaram, 50 Cent usou sua plataforma para amplificar cada nova acusação, transformando seu Instagram em um diário da queda de Diddy. A venda do documentário para a Netflix foi sua cartada final: usar o streaming global para cimentar a narrativa de que Diddy nunca foi o herói que a indústria pintava.
Em resumo, o documentário não é apenas uma exposição de crimes; é a vitória definitiva de 50 Cent em uma batalha de narrativas que ele vem travando desde o início do milênio.






Seja o primeiro a comentar