O renomado ator e cineasta Sean Penn usou sua participação no Festival de Cinema de Marrakech para fazer duras críticas à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Durante uma coletiva de imprensa em que foi homenageado com um prêmio por sua carreira, Penn não poupou palavras ao falar sobre o papel do Oscar na indústria cinematográfica.
Em sua fala, Penn apontou que a Academia tem “limitado às diferentes expressões culturais” e culpou a premiação por sua falta de diversidade e de ousadia criativa.
O ator não hesitou em afirmar que o Oscar tem sido responsável por restringir a imaginação e as múltiplas formas de expressão artística. “A Academia tem exercido uma covardia realmente extraordinária quando se trata de fazer parte do mundo maior da expressão e, de fato, tem sido exclusivamente responsável por limitar a imaginação e limitar muito as diferentes expressões culturais”, afirmou.
Falta de reconhecimento
Penn também descreveu sua visão sobre o impacto de filmes que, em sua opinião, mereciam mais reconhecimento. Ele destacou que dificilmente se empolga com a estreia, exceto quando filmes como The Florida Project, I’m Still Here ou Emilia Perez aparecem na disputa. Segundo ele, esses títulos oferecem uma riqueza artística que, muitas vezes, fica ofuscada pelas convenções do Oscar.
O ator também se pronunciou sobre uma das polêmicas do evento, o filme O Aprendiz, de Ali Abbasi, que foi exibido no festival. Para Penn, o fato de o filme ter sido ignorado pela crítica mainstream é, na verdade, uma razão para ser “celebrado”.
“É de cair o queixo o quanto esse negócio de rebeldes tem medo de um grande filme como esse. Um com ótima, ótima atuação. [É incrível] que eles também podem ter tanto medo quanto um pequeno congressista republicano insignificante”, declarou.
Ele sugeriu que essa atitude é um reflexo do medo que muitos têm de filmes com uma visão provocadora.
Liberdade de expressão e política
Em uma noite de gala, Sean Penn também aproveitou para prestar uma homenagem à atriz italiana Valeria Golino, sua amiga de longa data. Ela recebeu o prêmio pelo conjunto da obra, após décadas de carreira e colaboração com o ator, que apareceu em The Indian Runner (1991), seu primeiro filme como diretor.
Durante seu discurso, Penn fez novas declarações sobre sua visão de liberdade de expressão e o impacto da política no cinema. Ele criticou o movimento por “diversidade”, dizendo que, embora exista uma demanda por ela, muitas vezes essa diversidade é limitada a aspectos superficiais, como “comportamento” e “linguagem”.
“Em todo o mundo [há] essa demanda por diversidade — mas não diversidade de comportamento e não diversidade de opinião ou linguagem”, destacou. Sean Penn ainda fez um apelo: “Eu apenas encorajei todos a serem tão politicamente incorretos quanto seus corações desejarem e a se envolverem com a diversidade e a continuarem contando essas histórias.”
O Festival de Cinema de Marrakech, que recebeu grandes nomes do cinema internacional este ano, contou com a presença de outros cineastas e atores de destaque, como Tim Burton , David Cronenberg , Ava DuVernay e Jacob Elordi . O evento, que também especifica conversas diversas com personalidades do setor, é conhecido por sua curaria criteriosa e por ser um espaço para discussão profunda sobre o cinema contemporâneo.
Com essas declarações, Sean Penn reafirma sua postura crítica não apenas em relação ao Oscar, mas também ao panorama cinematográfico atual, defendendo a importância de uma arte mais ousada, provocativa e, acima de tudo, livre.
Fonte: Variety
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