Sob as Águas do Sena: para cientistas, filme é um grande desserviço

José Elias Mendes

Sob as Águas do Sena: para cientistas, filme é um grande desserviço

Às vésperas dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, um tubarão misterioso é identificado no Rio Sena, um dos símbolos da França. Este é o enredo de Sob as Águas do Sena, filme recentemente lançado pela Netflix – e já figurando entre os mais assistidos da plataforma.

Sob as Águas do Sena, entretanto, vem gerando polêmica entre especialistas em biologia marinha.

Segundo Nicolas Ziani, fundador do Phocéen Shark Study Group e especialista em ictiologia marinha, a premissa do filme é “nada menos que escandalosa”.

“É uma vergonha. Caí do armário quando vi o trailer. É um apocalipse cognitivo. São quase notícias falsas. Estamos importando um problema que nunca existiu na França. O último Megatubarão com Jason Statham é quase mais coerente”, disse Ziani.

O filme apresenta a ideia de um grande tubarão branco habitando o Rio Sena, em Paris, algo que Ziani desmente categoricamente.

“Existem espécies eurialinas, que toleram variações de salinidade e temperatura, como o tubarão-touro, que podem ocasionalmente atacar humanos”, explicou.

No entanto, o grande tubarão branco “é uma espécie extremamente sensível e não sobreviveria dois dias nas águas do Sena, mesmo sem poluição”, afirmou o especialista.

“Este filme dá uma imagem de catastrofismo que beira a demência. Não tem credibilidade científica, mesmo que rodeie o seu tema com uma vaga mensagem ecológica, quase da ordem da propaganda”, criticou Ziani.

Ziani destacou que o perigo dos tubarões é muito superestimado. “No biótopo francês, existem 75 espécies de tubarões que não representam perigo para o homem”.

Ele lamentou que o orçamento de 20 milhões de euros do filme poderia ter sido usado para ajudar na conservação dos tubarões, em vez de prejudicá-los. “A investigação para compreender melhor os nossos tubarões franceses está em agonia durante este período”, acrescentou.

Ambientado no verão de 2024, Sob as Águas do Sena acompanha os eventos que antecedem o Campeonato Mundial de Triatlo em Paris.

A ativista ambiental Mika descobre uma estranha agitação no rio e alerta a cientista Sophia (interpretada por Bérénice Bejo) sobre a presença de um grande tubarão nas águas do Sena. Apesar do ceticismo inicial, o terror se instala, transformando a competição em uma luta pela sobrevivência.

Para evitar uma catástrofe, Mika e Sophia se unem ao chefe de polícia Adil. Juntos, eles correm contra o tempo para neutralizar o tubarão e garantir a segurança dos competidores e espectadores, enfrentando a incredulidade das autoridades e o pânico crescente entre os parisienses.

Embora Sob as Águas do Sena tenha gerado entretenimento, especialistas alertam para a falta de precisão científica do filme e o potencial impacto negativo na percepção pública sobre os tubarões.

“Os tubarões mantêm o equilíbrio nas populações de peixes no ambiente marinho”, lembra Ziani, ressaltando a importância de sua preservação e o papel crucial que desempenham nos ecossistemas marinhos.

Confira o trailer do filme Sob as Águas do Sena:

Sob as Águas do Sena: três filmes de tubarão ainda mais absurdos

Fonte: AdoroCinema

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