A Square Enix Vai Estragar o Final Fantasy VII?

Bernardo Stamato

A Square Enix Vai Estragar o Final Fantasy VII?

O remake de Final Fantasy VII parece que pode ser um sucesso garantido à primeira vista. O jogo icônico e seus personagens têm um público ansioso pelo seu lançamento, que vai finalmente oferecer o título a um grupo inteiramente novo de jogadores mais jovens, assumindo que eles já não tenham jogado via emulador. Porém, o game é um dos primeiros remakes notáveis ​​a receber mais do que apenas o tratamento HD. Ele está sendo reconstruído do zero e, considerando o escopo do projeto original, Final Fantasy VII HD vai ser massivamente caro. Como tal, certas decisões de negócios podem degradar o título original numa tentativa de modernizar seus sistemas pros jogadores de hoje. E a sua mecânica original – uma parte fundamental da experiência – já foi degolada. Diga adeus ao combate em turnos.

Combate em turnos não é um conceito estritamente definido e pode assumir muitas formas. Além do combate, Final Fantasy VII tinha menus simples, a capacidade de selecionar movimentos pra cada um de seus personagens e magias e habilidades que expandiam o design das batalhas. Tetsuya Nomura, diretor de vários títulos da franquia, afirmou que o remake terá o sistema de batalha dramaticamente alterado. Preocupante.

Combate baseados em turnos não é uma relíquia arcaica do passado. É um aspecto que define o gênero JRPG – que o próprio Final Fantasy VII ajudou a definir – e é responsável por uma parte importante da estética do jogo.

O ritmo de uma batalha baseada em turnos facilita um estilo totalmente diferente de game. Claro, um monte de artifícios do JRPG permanecem: heróis estoicos, espadas gigantes e cabelos espetados. Mas, permitindo aos jogadores tempo pra selecionar os seus movimentos, os desenvolvedores podem criar batalhas mais interessantes que contam menos com tempo de reação e mais como quebra-cabeças gigantes que podem ser resolvidos em uma infinidade de maneiras com a equipe de personagens que você treinou e personalizou de forma seletiva. No Final Fantasy VII original, a ação ainda conseguia ser intensa.

Cloud Final Fantasy VII

Gameplay baseado em turnos também torna os jogos acessível a um público maior, pois são imediatamente fáceis de entender e ficam mais complexos conforme o jogador avança na história. Isso permite tanto os jogadores inexperientes quanto os mais frenéticos a explorar o game em seu próprio ritmo. Além do mais, os jogadores podem desfrutar do jogo e, de fato, participar dele mesmo sem a necessidade de ter o controle em suas mãos. Muitos casais já desfrutaram de um Final Fantasy em conjunto, trocando o controle entre eles – e o sistema baseado em turnos lhes dá tempo pra discutir táticas e conciliar a sua resolução de problemas.

Final Fantasy VII também tinha um elenco diversificado de personagens e os fãs veteranos da série têm favoritos além do estoico – e um bocado chato – Cloud. Um jogo baseado em turnos permite aos jogadores personalizarem e controlarem cada um desses personagens de uma maneira que fez falta nos últimos Final Fantasy. Meu cenário de pesadelo é um RPG de ação semelhante a Kingdom Hearts, onde o jogador tem o mínimo de controle sobre a equipe.

Posso aceitar que o mundo do remake vai ser diferente. Seria inimaginável a Square Enix reproduzir perfeitamente tal grande jogo. Todos nós já fomos advertidos de que a história provavelmente vai mudar um pouco também. Mas mudar o combate pra apelar pra novos jogadores parece ser um erro. Você não tem que sacrificar a ação em um game baseado em turnos. Pelo contrário, permitir tempo entre as ações dá espaço pros desenvolvedores pra incluírem todos os tipos de ataques bombásticos. O sistema de “Materias”, o combate, as invocações… Estes eram todos partes do que fez Final Fantasy VII fantástico e são o que mantiveram-no na memória dos jogadores e na história dos games. E pros fãs, esses elementos são sagrados.

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