por Vinícius Miranda
A Ubisoft está sendo pressionada pelos seus próprios acionistas para se posicionar de forma mais clara sobre o crescente movimento “Stop Killing Games”. A campanha, que vem ganhando força nas redes e entre os apaixonados por videogames, surgiu após o encerramento dos servidores de The Crew, título lançado em 2014 e tornado completamente inacessível, mesmo para quem o comprou legalmente.
A discussão ganhou corpo quando Ross Scott, criador do canal Accursed Farms, levantou a bandeira contra a prática das grandes empresas que desligam servidores e, com isso, condenam títulos inteiros ao esquecimento digital.
A proposta de Scott não é manter os serviços ativos para sempre, mas garantir que os jogos possam continuar jogáveis mesmo após o fim do suporte oficial. E isso, convenhamos, é o mínimo que se espera ao pagar por um produto.
Com mais de um milhão de assinaturas já acumuladas, o movimento pede que sejam criadas leis que impeçam empresas de simplesmente apagarem jogos comprados da existência. O impacto foi tão grande que chegou até os bastidores da Ubisoft, onde acionistas cobraram diretamente o CEO da empresa, Yves Guillemot, em uma reunião recente.
Tentando se explicar
Durante a reunião, Guillemot tentou defender a companhia. Disse que a Ubisoft sempre avisa os jogadores com pelo menos trinta dias de antecedência sobre o encerramento de funcionalidades online, e ainda mencionou que The Crew 2 foi oferecido por preços baratíssimos como forma de “compensação”. Segundo ele, a questão vai além da Ubisoft e envolve toda a indústria, que enfrenta o desafio de manter servidores para títulos antigos ou com baixa base ativa.
Mas as explicações não convenceram completamente. Isso porque existem exemplos positivos, como Gran Turismo Sport e Knockout City, cujos estúdios encontraram formas de permitir que o jogador continuasse aproveitando a experiência mesmo após os servidores saírem do ar. A real é que o consumidor quer segurança de que aquilo que comprou com seu dinheiro suado não vá simplesmente desaparecer de um dia para o outro.
A pressão sobre a Ubisoft pode ser apenas o começo. O movimento Stop Killing Games já plantou uma semente importante: a de que o acesso aos jogos precisa ser encarado como um direito adquirido, e não um privilégio temporário. Para muitos, videogame não é só entretenimento. É memória, é cultura, é história. E história a gente não deleta.
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