por Vinícius Miranda
A indústria dos games tem sofrido bastante com polêmicas recentes envolvendo a “vida útil” dos seus jogos. Afinal, estamos em um cenário onde está sendo normalizado que nós, na verdade, não compramos jogos, mas sim licenças para jogá-los. Junto disso, veio também a ascensão dos jogos Live Service, gatcha e títulos em geral que são totalmente dependentes de servidores. Ou seja, só funcionam online.
E com essa dependência, vem a polêmica: uma vez que a empresa decida encerrar os servidores, os jogos simplesmente deixam de existir. Isso já aconteceu algumas vezes em casos recentes e já despertou a fúria dos jogadores. Protestos começaram a ser realizados, entre eles o movimento que ficou conhecido como Stop Killing Games.
Esse movimento está levantando uma dúvida incômoda: até onde vai o seu direito como consumidor no mundo digital dos videogames?
A Ubisoft jogou gasolina na fogueira ao afirmar que os consumidores não detêm a propriedade dos jogos. E pra piorar, ainda pediu que os jogadores destruam suas cópias físicas quando o suporte for encerrado. Isso fez com que a discussão sobre o futuro da preservação dos games ganhasse ainda mais força.

Imagem: Reprodução
Entregar valor também dá lucro
Muitas empresas adotam esses métodos alegando não ser mais viável comercialmente manter os servidores abertos. De certa forma, é compreensível. Mas tem o outro lado da questão. Pessoas como o YouTuber Giant Grant Games mostrou que é possível financiar mods e movimentar comunidades inteiras apenas entregando valor real. Seus eventos com StarCraft II, cheios de interações via Twitch, não só divertem, como ajudam a bancar melhorias e criações originais.
Ele até desenvolveu um gerenciador de mods pra facilitar a vida dos jogadores. Isso tudo revela algo importante: o problema não é que essas ideias não geram lucro, mas sim que não geram lucros astronômicos, e é aí que as grandes empresas perdem o interesse.
O que as grandes empresas buscam são grandes lucros. O próximo “grande hit”, como foi o caso de títulos como Fortnite e Minecraft, por exemplo. Com essa ambição, eles apostam tudo em obras consideradas “certeiras”. E quando elas não mostram ser tão certeiras assim, o jogo é abandonado. No final, quem sofre são os jogadores.

Fortnite para Nintendo Switch (Imagem: Nintendo)
Por que essa discussão importa tanto?
A questão não é pedir que empresas mantenham servidores para sempre. Mas sim, dar espaço legal para que as comunidades assumam os projetos que as produtoras abandonam. E, acima de tudo, respeitar o direito do consumidor de continuar jogando.
No final, o movimento “Stop Killing Games” é sobre, justamente, fazer as empresas pararem de matar os seus jogos. Pois para eles, pode ser apenas um produto, mas para os jogadores, são fontes de paixão, escape e diversão.
Casos como o da Blizzard com Warcraft III Reforged, onde até os mods dos jogadores passaram a “pertencer” à empresa, são um reflexo do descompasso entre promessas e realidade. Quando um fã entrega um mod que cumpre o que a própria empresa prometeu e não fez, algo está muito errado.
Enquanto os direitos dos consumidores não forem reconhecidos com a mesma força que os das empresas, essa discussão vai continuar. Porque no fim das contas, ninguém gosta de pagar por algo que pode ser tirado a qualquer momento.
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